sábado, janeiro 03, 2015

ANTIGAMENTE, QUANDO OS GRANDES COROS AINDA

Antigamente, quando os grandes coros ainda
ouvíamos com a própria fé
e com lágrimas nos olhos subíamos as escarpas
e com risos nos rostos chegávamos aos céus
e com coração pulsante cantávamos os natais
seguindo sempre a direção de Deus
onde os filhos da fé brilhavam
na constelação espiritual dos remidos
e o manto negro dos céus se acendia das luzes de Deus
e as vozes corais ecoavam dos templos
e o sonho da Nova Jerusalém se materializava.
Agora: um telefonema para a agência de turismo
e, garante-se, o réveillon de Copacabana
buscando-se as luzes de fora, já que falta brilho interior.

Isso mesmo, ainda se tem luzes e músicas, porém...
Ressente-se a falta de organistas e pianistas
que interpretem a emoção do momento:
uma esperança o sonho a celebração.
Algumas vozes se levantam, mas o playback
insiste em agarrar no aparelho não convertido.
Os cantores possuem vozes plastificadas,
talhadas nas aulas de canto monocórdicas.
E, o vibrato, é pura técnica
já que o coração não vibra a fé.
E, ainda assim, a gente se emociona
e chora e sorri e abraça e beija
porque desaprendemos a cantar com a alma
mas o tema continua sendo o mesmo
e sobra, enfim, uma esperança
de que um dia, novamente,
os rios de água viva voltem
a fluir das cordas vocais dos coristas...

Quando se percorre a cidade
e se percebe toda ela iluminada
e as lojas, pequenas e grandes,
com enfeites de luzes e cores
na busca de um faturamento salvador de um ano magro
e, por ali, naquele comércio
umas coralistas velhas, vestidas de Mamãe-Noel
e parecendo onipresentes
no coreto na avenida no grande magazine
no Hall de entrada do shopping
e o povo frenético, transeunte apressado,
conversando tagarelices triviais
e o som ecoando das canções tardias dos natais
na festa sem fim em que se tornou o fim do mundo,
não só nestas épocas especiais
mas, o sumiço de cena, dos grandes corais
das peças grandiloquentes
cum Sancto Spiritu; in gloria Dei Patris, Amen!”
do Oratório Elias, de Felix Mendelssohn
dos acordes sacros da música dos céus.

Tudo uma bajulação só, jogo de cena,
pastiche, comércio, coisa “pra inglês ver”
mas – os grandes corais que cantavam antigamente
“Os céus declaram a glória de Deus!”
e, eles próprios, cantando para a glória do Pai –


desapareceram.

Melhor chamar os gestores dessas igrejas
plastificadas e mandar trocar o roteiro...
Ah, que saudade de igreja de pastoreio de rebanho
que vontade de ouvir de novo um grande coro harmonizado.
Prefiro as notas tiradas do teclado da alma
e aquelas entoadas com as cordas vocais do coração.
Uma pomba branca voa nos céus
quando um coro espiritual canta pra Deus!

Um Ano Novo que chega.
O dia amanhece preguiçoso.
É só o começo.
Foi dada a largada pra mais um ciclo
e o solstício vai acontecer.
Há esperança.
Jesus é o Sol que se levanta
nos corações crentes a cada manhã.
Sim, tenho saudades dos coros de antigamente.
Mas, não do Jesus. Ele ainda está presente.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
02 de Janeiro de 2015 (07h17min).



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