sexta-feira, novembro 07, 2014

A POESIA DO CULTO

A poesia do culto
não é só a das letras dos hinos
não é apenas a que vem da prédica.

O culto é uma construção coletiva
como castelo de areia na praia
feito pelas mãos da petizada.
Há um tom de fatalidade na obra
tem hora marcada para sumir –
basta chegarem as águas
que o vento traz de bem longe
nos movimentos da existência.

A poesia do culto está muito mais
nas pessoas e nos seus sentimentos.
Não há culto pétreo,
há culto poético!
E poesia é mais para se sentir
do que para se tocar.
Mesmo que um abraço no irmão
carregue a poesia da comunhão.
Mas, ela só vai junto
se preexistir dentro do peito.
A poesia do culto acaba
quando as águas do mar da vida
levarem o último crente
a transpor o portal do templo
após o poslúdio da noite.

Mas a poesia do culto recomeça
– e será outra, nova, diferente –
quando todos voltarem novamente
para uma outra construção coletiva
que seja de novo insuperável.

Não há culto pétreo,
há culto poético.
E eu quero estar em todos os cultos
onde a poesia do Espírito
faz a diferença da adoração.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
11 de Outubro de 2014 (08h35min).


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