quinta-feira, maio 08, 2014

DIVAGAÇÃO

Eu, próximo a Maternidade de Friburgo.
Via estreita, impedida, tomada de obras,
e abarrotada de carros de um dos lados...
Um lugar difícil de estacionar
(como se não fora diferente com um bebê:
chegar ao mundo e encontrar um berço).
Eu com paciente impaciente:
enjoos, vômitos, e o velho saquinho em uso.

Carros que vem, carros que vão.
O neném é carregado no ventre,
simplesmente levado ao sabor do útero que o abriga.
Seguir. Dar macha a ré.
Em carro velho, difícil de engatar.
Vida que vem, vida que vai...
O milagre do renascer na bolsa que está prestes a romper.

Marcha a ré.
Para estacionar.
A vida, por vezes, nos leva para trás.
Um passo ou dois.
Para avançar seguro, depois.

Uma vaga aparece.
Não uma onda grande, em alto mar, encapelado.
Embora a vida quisesse dar um caldo naquela menina
ainda criança:
     Vai brincar de boneca?
Perguntei-lhe, quase sem pensar.
Ela apenas riu, dizendo frágil um “é” entre lábios...

Uma vaga para o carro
naquele tumulto da vida, do trânsito, da biografia de alguém.
E eu na espreita.
Procurando uma vaga
mais na mente que no olhar.
Vaga apertada, estreita.
Nem sei mais o que pensar!
Olho pra garota pelo retrovisor interno do carro:
sentada, melhor dizendo, espichada no banco traseiro.

Não lembro de muita coisa.
Só de uma cor vermelho-vivo
e no meio, um pingo de gente:
Vagamente!

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,

30 de Abril de 2014 (17h30min).

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