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OU ISTO OU AQUILO – QUEM VOCÊ ESCOLHE PARA SER O
NOVO PRESIDENTE DO BRASIL?
Cecília Meireles e a Política no Brasil
Se há algo em falta nas Eleições de 2018, mas que é muito importante, é a Poesia. Não há
poesia no sisudo Bolsonaro; não há poesia no falso Haddad. Você pode ter um bom
faro e até acionar o radar, mas a busca será inócua: poesia não haverá!
Lembrei-me da clássica poesia de Cecília
Meireles. Poesia e poeta que fizeram parte de minha formação escolar na
infância: OU ISTO OU AQUILO. Uma digressão: Hoje, poesias e poetas, ainda
frequentam os livros didáticos? Ou este espaço foi substituído por genitálias e
outras armas?
Voltando à nossa reflexão, estamos no Brasil do Ou Isto ou Aquilo. Nunca se viu a nação
tão partida, tão dividida. Esta polarização excludente faz com que todos nos
emburreçamos um pouco. E, o que é pior: transformemos amigos e irmãos, em
inimigos.
Só o fato de chegarmos a este ponto, de ter que
escolher entre dois polos excludentes, já deveria fazer-nos ligar o alerta. E
este alerta deveria fazer-nos concluir que alguma coisa não está legal, não
está bem. E isto está assim por obra e consequência de alguém, de algo, de
algum malfeito, de alguma instituição, sistema, ideologia ou quejandos que se
estabeleceu no “antes”.
Tudo tem suas premissas, seus pressupostos, suas
bases. A raiz do desastre brasileiro na economia, na educação e no
desenvolvimento está mais evidente do que se possa supor. Mas, partidarismos
cegam! A nação está cega para o que ocorre ao seu redor.
Além disso, o fato de termos que nos render “ao
menos pior” torna um tanto ridícula (embora, ainda assim necessária) a
participação política destes tempos. De há muito sabíamos que era necessário
participar. Ser omisso – não votando ou votando nulo ou branco – é fazer
coro com os que não se importam com os rumos do país. Como se fosse possível
viver bem, sem um bom sistema político e pessoas de bem no poder...
A poesia de Cecília Meireles estabelece, em
primeiro momento, uma constatação de que não dá para fazer certas coisas ao
mesmo tempo; de que a existência de algo significa, muitas vezes, a eliminação
do seu contrário. E, em muitos casos, se fará necessário fazer uma escolha:
Ou
se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol
e não se tem chuva!
Ou se calça a
luva e não se põe o anel,
ou se põe o
anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos
ares não fica no chão,
quem fica no
chão não sobe nos ares.
Refletindo sobre o atual momento político
brasileiro percebemos que os cidadãos não estão necessariamente votando num
determinado candidato, mas na ideologia que ele representa e, mais sério ainda:
não estão votando no candidato, mas contra seu opositor. Ou seja: a política
brasileira está paupérrima!
Parafraseando nossa Cecília, de saudosa memória
e verve exemplar, poder-se-ía dizer:
Ou
se tem Bolsonaro e não se tem Haddad
ou se tem
Haddad e não se tem Bolsonaro!
Ou se calça a
luva do verde e amarelo
e não se põe
o anel do vermelho,
ou se põe o
anel do vermelho
e não se
calça a luva do verde e amarelo!
Quem sobe nos
ares da democracia
não fica no
chão da ditadura,
quem fica no
chão da ditadura
não sobe nos
ares da democracia.
Escolher um Presidente e saber que no dia
seguinte metade do povo brasileiro vai estar chorando é algo cruel. Não se pode
estar confortável numa situação dessas. Não há o que comemorar num quadro como
esse.
Esses políticos desgraçados transformaram a
política brasileira num verdadeiro FLA X FLU, em que é impossível dar empate. E
poucos percebem que os que provocaram tal estado de coisas, estão pouco se
lixando para o povo. O povo está sendo usado como massa de manobras, e não se
dá conta de que se tornou bucha de canhão dos que ocupam o poder.
Se o poder é do povo e dele emana, brasileiras e
brasileiros, é hora de assumirmos o controle do país. Parte disso começou a
acontecer nas eleições proporcionais que acabamos de viver no último dia
07/10/2018. Precisamos continuar nesta empreitada em prol da Democracia plena.
Mas, outra questão deve estar bem clara em
nossas mentes. A ditadura não é privilégio da direita. Às esquerdas são mestres
em implantar a ditadura também. E, não tente classificar uma como pior do que a
outra: ambas são horrendas e nefandas. Basta olhar para Hitler e Lênin,
Alemanha e Rússia, e ver isso.
Estas opções diacrônicas da política brasileira,
quando se percebe que há um conjunto de fenômenos sociais e culturais que se
desenvolveram nos últimos anos e desembocaram numa política mal resolvida, num
mal-estar generalizado, faz surgir novamente líderes messiânicos que se
apresentam como “salvadores da pátria”, e reeditam distorções que outrora já nos
foram caras.
Interessante notar que existe um sentido
pejorativo do pronome demonstrativo “aquilo” quando utilizado para pessoa. Esse
sentido depreciativo aparece, por exemplo, no seguinte caso: “por favor, aquilo
não pode ser chamado de pai!” Utiliza-se o “aquilo” no lugar de “aquela
pessoa”.
A pergunta então é: quem é o “aquilo” da
política brasileira? Já que estamos numa campanha polarizada em que as escolhas
se afunilaram e temos que escolher entre o “isto” ou o “aquilo. Quem for, será
o maior contribuinte para a falta de poesia. Óbvio que para os eleitores de
Bolsonaro, é o Haddad; e para os eleitores de Haddad, é o Bolsonaro.
Em tempos tão midiáticos, os políticos
utilizam-se fartamente das redes sociais para divulgar suas ideias,
principalmente quando não tem tempo razoável de tevê. Como nem sempre esta
aparição é positiva (e os medidores de citação estão funcionando à mil), são
utilizadas, por adversários e por correligionários, alcunhas, para referir-se
ao seu candidato ou para o candidato adversário.
Dezenas de alcunhas circulam nas redes sociais e
Bolsonaro é, de longe, o campeão. É assim que, Bolsonaro vira “o mito”, “bozonaro”, “capitão”; Lula vira “molusco” “#LulaLadrão”; Haddad se transforma no “capiroto”,
“Fernando Andrade”, “Prefeitão”; para nos atermos a estes personagens ainda em
evidência.
No intermédio de sua poesia, Cecília Meireles,
como que num tom de desabafo e lamento, se expressa:
É
uma grande pena que não se possa
estar
ao mesmo tempo em dois lugares!
E, aqui, para mim, está o nó górdio
da política brasileira atual: significativa parte dos cidadãos são empurrados
para dois extremos que não os representam, nem os satisfazem. É claro que temos
uma parcela de vermelhos que se enquadram muito bem nos ideais petistas e,
também, uma parcela de fascistas que encontraram em Bolsonaro um aliado de
última hora, mesmo que ainda não se saiba se o capitão terá coragem de dar o
autogolpe como já propalado.
Eu, particularmente pactuo com
ideais expressos pelos dois segmentos. Mas, a política brasileira se endureceu
e longe está de demonstrar qualquer ternura. Como também rechaço programas,
ideias e tendências em ambos os movimentos políticos, expressos nos candidatos
que avançaram para o segundo turno. E quando percebo isso, faço coro com
Cecília: “É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois
lugares!” E com isto, estou dizendo que o Brasil precisa urgentemente
de uma terceira via política, que fuja dos fanatismos reinantes em nossos dias
e agregue valores sociais, políticos, culturais que foram incorporados ao
Brasil neste alvorecer do Século XXI.
Só para exemplificar, sou
simpático aos valores da família defendidos por Bolsonaro; ao empreendedorismo
e livre iniciativa de seu programa; ao investimento em segurança; à
criminalização dos bandidos; à uma educação desatrelada da ideologia de gênero;
à liberdade de imprensa; à prática política sem o fisiologismo atual; dentre
outros.
Quanto às defesas da esquerda
brasileira, sou à favor da inclusão; do livre acesso à informação; da taxação
das grandes riquezas; da redistribuição de renda; de programas que incentivem a
ascensão social e que minimizem e, se possível, eliminem os disparates, as
desigualdades; dentre outros.
Devo salientar todavia, que tais
programas e benefícios elencados no parágrafo anterior fazem parte de programas
de esquerda, mas, nem sempre são aplicados, ou são aplicados para iludir, para
preparar o território para se chegar ao poder, onde uma elite vive
nababescamente na igualdade da luxúria, enquanto o povo vive sofridamente
a igualdade da miséria.
Recomendo ao leitor, se ainda não
o fez, a leitura do instigante livro de George Orwell, “A Revolução dos Bichos”. Trata-se de uma
fábula moderna que nos ajuda a identificar líderes déspotas e regimes
opressores, que operam através de técnicas de alienação e manipulação
psicológica da população. Um livro sobre porcos disfarçados de homens.
No âmbito de Bolsonaro e Cia sou
contra a toda e qualquer ditadura. No âmbito de Haddad e das esquerdas sou
contra a toda e qualquer ditadura, também.
Ainda em relação à Bolsonaro, não
concordo com o uso da força e da violência para coibir a criminalidade, embora
entenda que um indivíduo que se aventure a portar uma arma para praticar o
crime deva estar muito consciente das consequências que possam advir.
Ainda em relação ao Haddad, em
particular, e ao petismo, de forma geral, discordo veementemente, da corrupção
sistêmica que se tornou metodológica para a implantação de suas ideias; da
cartilha trotskista de tomada de poder à qualquer custo; da doutrinação sem
vergonha feita descaradamente nos segmentos menos privilegiados que se iludem
com migalhas, quando na verdade são simples e imbecis marionetes em suas mãos;
do aparelhamento das repartições públicas para o exercício de influência nos
mais diversos escaninhos da sociedade; do uso contínuo da mentira como
estratégia para promover confusão e tornar verdade o que não é, seguindo o
mentor-mor, Lula, de quem sabemos ser ele filho, tornando-se assim, Haddad e
todos os petistas seguidores dessa metodologia diabólica, irmãos, filhos do
mesmo pai; do enriquecimento ilícito que alcançaram, locupletando-se da coisa
pública; da contaminação do governo com a sociedade pelo viés dos conchavos de
gabinete; da forma como “empoderou” a nação brasileira, principalmente os menos
favorecidos, criando um clima unilateral de lutas por direitos sem a
contrapartida do cumprimento dos deveres, que levou à manifestações imorais, à
aberrações contrárias a qualquer princípio de boa convivência social, com
manifestações públicas onde a falta de decoro, o desrespeito ao próximo e a
valorização do comportamento desviante; dentre outras coisas muito graves.
Saliento, principalmente para os
adeptos de argumentos rasos, que não vou entrar na discussão da pessoa dos
candidatos, nem agora nem em outro momento. Existe uma prática comum de se
abandonar a discussão das ideias para atacar a pessoa. Não vou entrar nesse
terreno pantanoso. Se este ou aquele candidato é isto ou aquilo é problema
dele. Em comum, infelizmente, para mim que sou cristão e prezo pelos valores do
caráter e da moralidade cristã, o fato de a maioria dos políticos neste país
possuir senões que os comprometem. Questões morais, espirituais, relacionais,
de ética etc. Então, entrar nesta discussão é inviabilizar o debate político
sério, edificante, producente.
Voltando à poesia de Cecília
Meireles, no bloco seguinte ela, de novo, apresenta questões que demandam
escolha:
Ou
guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou
compro o doce e gasto o dinheiro.
De volta ao debate, a questão da
insegurança de se ter que fazer escolhas que eliminam possibilidades. “Quem
poupa tem!”, diz o adágio popular. Mas na hora de comer um docinho, mesmo com o
fantasma da diabetes rondando, muitos não resistem. Como eu também não resisto
à esta paráfrase:
Ou
guardo o dinheiro e não compro os votos,
ou
compro os votos e gasto o dinheiro.
A Lava-Jato, Operação da Polícia
Federal iniciada à partir de denúncias sobre lavagem de dinheiro, se tornou a
maior investigação sobre corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil.
No início, foram descobertas as
ações de doleiros na prática de lavagem de dinheiro. O mais famoso deles,
Alberto Youssef. Em seguida, foram apresentados seus desdobramentos, que
incluíam empreiteiras, funcionários da Petrobrás, operadores financeiros e
agentes políticos. Três partidos estavam na linha de frente dessa máquina
corrupta de fazer dinheiro: PT, PMDB e PP.
Está aí a explicação da hegemonia
política do PT no país, com quatro eleições seguidas para Presidente do Brasil.
Não se muda a política se não for vencida a corrupção. Por isso o Brasil muito
deve, em honra e respeitabilidade, a homens da envergadura de um Sérgio Moro e um
Deltan Dallagnol.
Diga-se de passagem, porém, que
nem todo dinheiro oriundo da corrupção é gasto para se perpetuar no poder. A
prática do uso de laranjas; de transferir patrimônio, como imóveis por exemplo,
para o nome de familiares; de se ter contas em paraísos fiscais; do uso de
empresas offshore, abertas em territórios onde há menor tributação,
para lavagem de dinheiro e esconder os reais proprietários, dentre outras,
revela isso. Em tempo: há também quem invista em compra abusiva de joias da H.
Stern...
Esse tempo, de uma política do
“Ou isto ou Aquilo”, é bestializante. Compromete a dignidade humana, as
escolhas sensatas, a busca de soluções mais condizentes com as necessidades prementes.
Temos que nos contentar com o “menos pior” ou nos submetermos a assinar um
“cheque em branco” e torcer para que o receptor não seja abusivo em relação à
nossa generosidade de ocasião. O Brasil merecia coisa melhor! Mas, não dá para
assistir o país se desintegrando no fogo da imbecilidade (ou vamos ter que
continuar fazendo saudações à mandioca e ensacando vento para guardar energia?)
lamentavelmente exemplificado na “fuligenização”(desculpem-me o neologismo) do
Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro, RJ) instalado no
Palácio de São Cristóvão.
Voltemos à poesia em destaque, já
que o Brasil está pouco poético nestes tempos. Cecília assim descreve em seu
verso seguinte:
Ou
isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e
vivo escolhendo o dia inteiro!
Realmente vivemos assim. A gente
vive escolhendo o dia todo e todo dia. A vida é feita de escolhas. O que somos
hoje é decorrente das escolhas do passado. O que seremos amanhã, como pessoas e
como nação, dependerá das escolhas que fizermos hoje. Nem sempre temos as
opções que gostaríamos. Mas, não podemos nos omitir. Caso contrário, corremos
sérios riscos de ver o país entrando numa rota de colisão com o seu povo.
Na política, existem cidadãos
posicionados convictamente em campos diferentes da onda ideológica. Mas há,
também, os eleitores de última hora. Há os apoiamentos dos candidatos
derrotados e, também, dos partidos que não seguiram em campanha própria.
Sabe-se lá se isso funciona e como funciona, mas acontece! Tanto existe um
movimento de última hora, que ninguém, em nenhum momento, poderia imaginar que
o ex-juiz federal, Wilson Witzel (PSC) fosse para o segundo turno e chegasse
com grandes chances de vencer.
Ou
Bolsonaro ou Haddad: ou Bolsonaro ou Haddad. . .
e
vivo escolhendo a campanha inteira!
A situação está tão crítica que
tem levado pessoas e instituições a se posicionarem de forma imprópria.
Percebe-se um certo desespero no fazer política e viver política no Brasil
hoje.
É o caso de igrejas e templos
sendo utilizados para prática política inconsequente e injustificável diante
dos valores cristãos.
É o caso de Luciano Hang, dono da
Havan, uma rede de lojas, que pressionou seus funcionários a votar no candidato
do PSL, Jair Bolsonaro, para não correrem o risco de serem demitidos em caso de
vitória de Haddad, por ter que fechar lojas.
Temos sabido de violências
praticadas de ambos os lados nos embates de rua da campanha e muito mais.
Ou seja, em passado recente
engendrou-se uma metodologia de arrasa quarteirão, em que se faz necessário
desconstruir pra se reinar no caos imperante.
Cecília Meireles exacerbou a
indecisão reinante em seu mundo interior, mas, também no país da sua época, no
verso:
Não
sei se brinco, não sei se estudo,
se
saio correndo ou fico tranquilo.
Vivemos dias difíceis e já não se
sabe se vale a pena fazer isto ou aquilo.
Se uma criança brasileira não
precisa estudar pra ser Presidente da República, jogador de futebol, ou übermodel,
onde vamos parar? E muitos brasileiros estão buscando o caminho mais fácil para
o enriquecimento. É só checar o quantitativo de meninos e meninas aliciados
anualmente pelo tráfico nas comunidades brasileiras...
Aí, então, ficamos meio que
assim, como se pronunciou Cecília: “Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.” E o verso dela diz tudo sobre a realidade
brasileira de hoje, mas, vamos ir um pouco mais além...
Não
sei se voto, não sei se anulo,
se
me posiciono ou fico em cima do muro.
O fato é que os dias são maus. E
isto é bíblico. Mas nenhuma sazonalidade pode me levar à inatividade. O amanhã
não nos pertence. Só a Deus! Então não podemos ficar de braços cruzados à
espera de um milagre ou pregando um neossebastianismo, reeditando a crença da
volta de algo que nunca mais será como dantes, pois o mundo mudou, vivemos
outros tempos e outras eras.
Estou desse jeito, como finaliza
sua poesia, a poeta:
Mas não
consegui entender ainda
qual é
melhor: se é isto ou aquilo.
Em linguagem mais explícita:
Mas
não consegui entender ainda
qual
é melhor: se é Bolsonaro ou Haddad.
Pra ser bem sincero: nenhum dos
dois me representa. Como já disse, há pontos favoráveis e desfavoráveis em cada
um. Não gostaria de estar vivendo este momento: de ter que escolher o “menos
pior”, mas, sem alternativas, terei que fazê-lo. Que Deus ilumine cada
brasileiro e que façamos a escolha que representará uma luz na escuridão!
Josué
Ebenézer
Nova
Friburgo, 12 de outubro de 2018.
(07:37:17)
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