quinta-feira, dezembro 31, 2015

SOBRE A COMUNHÃO

Almejo em mim saber tudo sobre a comunhão.
Rompe-se o lacre da ligadura,
e esquivo-me do mal cheiro dos falsos.
Almejo chegar no “quando” a igreja rompeu
pela mente e pelo coração com a fé;
no “onde” a igreja se corrompeu
e passou a acreditar num arremedo de união.
Que conjunto desalinhado é esse de gente sem esperança
em que corações mutilados digladiam com a morte
e o pecado na superfície afastou a bonança
e as facções se debatem brincando com a própria sorte?
Falta pouco para espirrar sangue das veias arrebentadas
dessa má circulação de oxigênio pra vida
onde já não se encontra, tanta alma arrependida
só martelo, foice e espada
e uma gente desmiolada.
A corda está esticada, a ponto de romper
e os bonecos sestrosos, não conseguem perceber
que são títeres macabros do demo e seus asseclas
e que a igreja sai perdendo em meios a tais refregas.
Há os que estão neste bolo, mordidos pela mágoa,
sucumbidos pela ira, em meio a fúria louca;
mas, onde o amor não deságua e a paciência é pouca
continua intenso rolo e toda essa gente pira.
Continua uma fagulha de raiva que incendeia
e quem busca migalha de paz em alguma veia
não encontra, pois a guerra ali já se instalou
e o respeito humano há muito que acabou.
Almejo saber sobre a comunhão:
para onde foi esta marca incrível
da igreja do passado.
Esta koinonia envolvente
que bonomia promovia
fruto do ágape divino
no meio de tanta gente.
Quando a igreja toma as rédeas das mãos do Deus condutor
e faz de si mesma a medida ignorando seu Senhor
a igreja sucumbe doente, sobrevivendo moribunda
e tudo põe-se a perder e a graça de Deus não abunda
e a fé já não mais viceja
e a igreja se faz demente
mesmo que ninguém veja.
Mas, se houver um clemente,
fagulha em restolho seco,
a chama da comunhão se acende
e expulsa qualquer fogo amigo
e contagia o próximo
e faz voltar a alegria da salvação
e no meio da igreja há restauração
porque o Espírito Santo de novo é pleno.
Almejo em mim saber tudo sobre a comunhão
e dividir um pouco com quem quiser ser irmão.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

29 de Julho de 2015 (05h02min).

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