Quando consegui me enxergar dentro,
lá no âmago do ser percebi um vazio.
Algo como uma nuvem que se tenta pegar,
mas não tem solidez suficiente.
E de dentro da nuvem um som,
uma voz insistente, seria um anjo?
Que me dizia: você é um nada;
você não é o que pensa ser.
Imaginei-me um rato, um batráquio,
ou qualquer dos rastejantes seres.
Mas a voz insistia em dizer-me algo:
que é a vida, amigo, a vida é um vapor!
E eu ouvia a voz que vinha de dentro
e todo o meu ser se agitava em suspeição.
A vida do homem é qual gramínea rasteira
que murcha e seca ao sol inclemente.
E eu ensimesmado e eu baratinado
me indagava o que era aquilo e quem sou.
Sou o mais miserável de todos os seres
e, sendo assim, quem me livrará?
“Quem me livrará do corpo dessa morte”
será que é possível mudar minha sorte?
Dentre todos os homens sou o mais indigno;
a voz me convenceu e eu sorri.
Enxerguei meu mundo interior
e o Cosmos ganhou de mim outra visão.
Ao desvelar-se em mim a piedade
descobri o segredo da mocidade.
Descobri a alegria da vida que se abre,
a existência que se faz rosa e perfume.
E da vida fez-se luz e fez-se lume;
e eu que nada sou, Deus fez-me tudo!
Josué
Ebenézer – Nova Friburgo,
11 de Agosto
de 2015 (22h49min).
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