As
crianças dispostas
nas
mesinhas de madeira
pintam
a História de Noé
enquanto
a tia relata a passagem bíblica.
Dedos
miúdos batem à porta;
pressionam
insistentes.
Tia
Marilda pergunta:
-
Quem está aí?
-
Sou eu. O menino do morro.
Vim buscar presente.
Quero também estudar a Bíblia.
(E
era como se ela o ouvisse dizer:
-
Vim tentar ser gente!)
-
Pode entrar; respondeu.
E
o menino arrojou-se,
sala
adentro trazendo
consigo
o cheiro da pobreza.
Sim,
pobreza tem cheiro
e
nem sempre é agradável
embora
não precisasse ser assim.
Mas,
no caso de Vitinho, era assim.
-
Tia, posso sentar aonde?
As
crianças entreolharam-se
encurtando
espaços,
murchando
corpos
e
tapando o nariz.
A
tia, imediatamente concluiu:
-
Hoje é seu primeiro dia.
Fica aqui pertinho de mim,
na mesa principal.
E
Vitinho alojou-se orgulhoso
ao
lado da tia, enquanto recebia
as
folhas do trabalho manual,
o
lanche e um presente surpresa.
No
outro domingo,
Vitinho
assentou-se
junto
aos coleguinhas de classe...
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