Estas chuvas arrasadoras sobre a cidade;
estas águas avassaladoras sobre mim.
O canteiro ficou sem rosas
e os entulhos da correnteza
procuram se esconder pelos cantos de muros
de uma rua de lama ressequida.
O sol desponta novamente no horizonte
e a esperança volta a brilhar
nos olhos tristes de um povo sofredor.
O transbordar do Bengalas.
A enxurrada do Rio Grande.
O aguaceiro que arrasou o Jardinlândia e o Jardim Califórnia.
E o povo triste, beirando encostas de morros
que ainda vão despencar...
Ah, minha Nova Friburgo!
Quantas chances ainda hás de almejar
para realmente te fazeres nova?
Quem governa não pensa no povo,
não pensa no pobre...
Fica arrumando praças no centro da cidade,
erguendo monumentos aos mortos,
pra riquinho se contentar
e turista se divertir.
Enquanto isso...
as obras que não foram feitas;
as encostas que não foram cuidadas;
a dragagem do rio que não se completou;
os ciclopes e muros de contenção que deixaram de ser construídos;
a urbanização não implementada,
neste caos da civilização friburguense;
vão providenciando novos mortos, às dezenas,
numa cidade que tinha tudo para ser feliz...
E estes mortos sequer saberão
que se gastou dinheiro em mais uma pracinha
ou se ergueu novos monumentos
para os pombos defecarem em cima...
Niterói, 07 de Janeiro de 2007 (6h10min).
quinta-feira, outubro 16, 2008
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