quinta-feira, outubro 16, 2008

MOMENTOS

I
As chuvas pararam
e agora a água
densa e barrenta
rola apressada
no leito do rio.
Rola a água
rolam os galhos
arrancados à força
mesmo com o choro das árvores.
Rola a vida
porque as pedras polidas
na insistência das chuvas
são mais que seixos largados no chão:
são indicadores de que a vida precisa
seguir seu rumo...

II
Um cachorro passa
com a focinheira incômoda.
Guarda breve distância
do dono que caminha atrás.
O menino apressado
caminha à frente.
Não desprega os olhos
do pitt-bull:
tem medo de uma surpresa
desagradável.
As enchentes baixaram o moral
de muita gente.
Foi o presente de Ano Novo
pra quem só viu barranco
dar o arranque
dessa corrida maluca
pela sobrevivência.
A população foi pega de surpresa
pela chuva torrencial.

III
As folhas
das árvores
verdes,
viçosas,
baloiçam
ao vento...
Em seus galhos
um amarelo
canário da terra
(magrelo
de tão belo)
solta o canto
que não emperra.
Por que canta
o canário
à beira do rio?

IV
O canto do pássaro livre
após chuvas de verão
insiste em proclamar paz
e até celebração.
O trinado estridente
ecoa nos ares uns sons...
E do meio das folhagens verdes
o amarelo pássaro voa
espalhando pelo éter
sua canção de esperança.
Só agora percebo o céu
de um azul dantesco.
E no firmamento o sol
que assume seu esplendor!


Nova Friburgo, 13 de Janeiro de 2007 (10h15min).

AUTO-CRÍTICA

mudei
se já é público e notório:
não sei!
pequenas coisas estou fazendo.
outras,
parei!
começo o ano com novo ânimo.
estou cheio
de boas intenções.
quero viver o melhor
e purificar-me!
mas tem um saco
de lixo
abandonado no portão
de minha casa.

Nova Friburgo, 13 de Janeiro de 2007 (10h35min).

ORAÇÃO DA FAMÍLIA

Senhor!
Que a chaleira sempre apite
Uma água fervendo;
Enquanto houver um amigo
Para tomar um café preto com a gente.

Que a brisa do vento
Sempre encontre uma janela aberta
Para atravessar toda a casa e espalhar
O perfume da esposa após o banho da noite.

Que haja sempre brinquedos
Espalhados pelos corredores
A indicar que filhos, netos e bisnetos
(ou ainda alguma criança amiga)
Povoam nosso lar de irreverência infantil.

Que o forno tenha a chance de ser
Aquecido de tempos em tempos
Para produzir uma gostosa broa de milho,
Fruto da criatividade culinária
De quem tem junto um sorriso para oferecer fora do pires.

Que haja sempre um sofá,
Mesmo que velho e recoberto de um pano rejuvenescedor,
Para abrigar nossos corpos e nossas vozes
Em um diálogo franco e criativo,
Tendo a televisão desligada.

Que a falta de água do verão
Não impeça de se produzir beijos molhados
E se dar abraços apertados
Multiplicando afeto por todas as estações.

E que, acima de tudo, haja sempre canções
A serem entoadas por corações agradecidos
Pela vida e pelo amor
Que começou em ti e que tocou os que
Simplesmente acreditaram no Eterno.

Amém!

Rio de Janeiro, 11 de Janeiro de 2007 (15h43min).

VOCÊ

você
que a gente não vê
mas que percebe
que passa emoção
de um coração
um tanto em febre
que corre apressada
feito lebre
e deixa um rastro
um antepasto
de amor...
só você
que quando em chama
coração que ama
me faz luzir
que acende o sonho
e projeta a vida
desfaz ferida
e põe sorriso
e mais que isso
alegra os dias
com as poesias
acende a noite
com os archotes
de um novo amor
você é luz
na escuridão
é eu partindo
no mar revolto
dessa paixão
aguardando pra breve
a sua volta.

Niterói, 07 de Janeiro de 2007 (7h05min).

NOVA FRIBURGO

Estas chuvas arrasadoras sobre a cidade;
estas águas avassaladoras sobre mim.
O canteiro ficou sem rosas
e os entulhos da correnteza
procuram se esconder pelos cantos de muros
de uma rua de lama ressequida.

O sol desponta novamente no horizonte
e a esperança volta a brilhar
nos olhos tristes de um povo sofredor.
O transbordar do Bengalas.
A enxurrada do Rio Grande.
O aguaceiro que arrasou o Jardinlândia e o Jardim Califórnia.
E o povo triste, beirando encostas de morros
que ainda vão despencar...

Ah, minha Nova Friburgo!
Quantas chances ainda hás de almejar
para realmente te fazeres nova?
Quem governa não pensa no povo,
não pensa no pobre...
Fica arrumando praças no centro da cidade,
erguendo monumentos aos mortos,
pra riquinho se contentar
e turista se divertir.

Enquanto isso...
as obras que não foram feitas;
as encostas que não foram cuidadas;
a dragagem do rio que não se completou;
os ciclopes e muros de contenção que deixaram de ser construídos;
a urbanização não implementada,
neste caos da civilização friburguense;
vão providenciando novos mortos, às dezenas,
numa cidade que tinha tudo para ser feliz...

E estes mortos sequer saberão
que se gastou dinheiro em mais uma pracinha
ou se ergueu novos monumentos
para os pombos defecarem em cima...

Niterói, 07 de Janeiro de 2007 (6h10min).

SAUDADE

Saudade é um buraco vazio
que fica pedindo insistentemente
pra ser preenchido.
É uma vontade de voltar
a andar por onde já se caminhou,
e sentir outra vez cheiros
que a memória
teima em não esquecer.
Saudade é um estado de êxtase
profundo na ausência do ser amado.
Saudade era o mundo virtual do amor
antes da invenção da Internet.

Niterói, 06 de Janeiro de 2007 (19h15min).

O MICRO

Meu micro fez greve
É grave a greve do micro.
Meu micro não escreve
Não escreve e pago mico.

O teclado desconfigurado
Embaralha a poesia.
Um coração enamorado
Não rima com apatia.

Meu micro fez greve
Ele estava démodé.
Mandei logo pro conserto
Comprei outro HD.

Meu micro agora escreve
Tudo o que coração pede.
Ela acabou com a greve
E obedece ao mouse pad.

Niterói, 06 de Janeiro de 2007 (6h15min).

CHUVA BAILARINA

Claro dia de sol,
calor de quarenta graus.
Chuva chega mansamente
e eu sorrindo contente.

O meu caminho molhado
de pingos grossos de chuva.
Minha vista se faz turva,
meu coração enamorado.

Chamo a paixão pra uma dança
com esta chuva bailarina.
Vou dançando até a esquina
Encharcado de festança.

Em minha chuva de verão
sob quente sol de paixão.
Serpenteia vida-serpentina
nesta doce chuva bailarina.

Niterói, 06 de Janeiro de 2007 (5h45min).

LUZ POÉTICA

eu queria de mim
um horizonte.
vaga luz
brilhando
no Oceano
das palavras:
frases/flashes
a clarear
a noite.

eu queria
iluminação.
e o som da poesia
preenchendo o dia
e a mensagem
como açoite
afastando a noite.

queria a construção
de um poema épico
que fosse a elaboração
do sentimento humano.
queria a visita do arcano
invadindo o espaço
da criação
do pensar
com sinais de futuro.

a luz é a
ponte/passarela
por onde transita
o homem do futuro
para chegar à esperança.
enquanto isso,
se faz bonança
no espectro de aquarela
que se desenha
nas entrelinhas do texto.

a luz irradia
sons e cores.
e meu coração se
enche de amores,
pois a luz do meu dia
fez nascer a poesia

Niterói, 05 de Janeiro de 2007 (6h50min).

segunda-feira, outubro 06, 2008

GÊNESE POÉTICA

No princípio era um papel branco,
uma caneta de tinta azul turquesa
e uma mente vazia
neste caos original da poesia.

Os olhos que aquela mente conduzia
se fixavam tão somente
na mesa de madeira envelhecida
onde também repousavam
uns cotovelos desanimados.

E nesse princípio criou o poeta
o cenário e a motivação.
E passaram diante de seus olhos
(não se faz poesia sem imaginação):
crianças brincando alvoroçadamente;
pássaros voando livremente;
rosas desabrochando alegremente...

E as trevas que havia sobre a
face do abismo poético
foram afugentadas pela inspiração;
que passou a pairar
sobre o mar dos sonhos
quando ela chegou:
a eloqüente Musa do Amor.
E disse (quando a viu) o poeta:
- Haja poesia!
E houve poesia...

Niterói, 05 de Janeiro de 2007 (7h).

ANTI-EMOÇÃO

diz pra mim:
de que adiantou
aquele sorriso,
aquele abraço,
aquele beijo?

se após
só restou
de sua aparição:
um fantasma,
uma máscara,
assombração?

restou
um vazio,
um nada,
(quanto vale isso?)
e minha alma
enamorada...

Niterói, 05 de Janeiro de 2007 (6h35min).

PONTO ENIGMÁTICO

Vai.
Anda logo.
Vai avante.
A rua está livre:
Nenhum carro
Nenhum transeunte.
Só, ao final (lá longe),
Onde a rua faz curva
Ao sabor do vento,
Farfalhando folhas,
Indicando direção
De árvores buliçosas:
Um ponto.
Que será?
Ponto escuro
Em minhas vistas cansadas.

Forço a vista,
Faço a revista,
Mas não adianta.
O ponto persiste
Em afastar-se
De meu entendimento

Meu ser se espanta
Com o mistério.
E eu vou.
Sim, vou.
Vou logo.
Vou avante.
A rua continua livre:
Passa apenas um carro,
Ligeiro,
E desaparece.

Passa um transeunte.
Apenas um.
E ele vai também
Caminhando.
Rua a fora.
Depois que ele
Passa e,
Quase se disfarça,
Em ponto também...
No fim do meu ver,
Decido caminhar.
Meus passos
São mais rápidos
Que a minha visão.
E quando,
Na minha pressa,
O ponto móvel
Volta a ser alguém
(E o ponto
Enigmático
Passa a ser algo)
Vem o susto.

O ponto perdido,
Distante,
Do fim da rua,
Era uma caçamba.
E o ser que
Caminha desespero
Nas ruas da cidade
Encontrou na
Rua de minha casa
Rua de minha vida
Uma caçamba de lixo
Para garimpar comida.

Vomito.

E volto correndo
Para casa
Tropeçando paralelepípedos.

Niterói, 04/01/2007 (8h15min).

SE

se
meu coração
soubesse
pelo menos
que Neruda
me ensinaria
metáforas
faria poesia
e serviria
mandrágoras
para minha
mulher
gestar o
infinito mar
das palavras
verdes...

Nova Friburgo, 01 de Janeiro de 2007 (21h40min).

O QUE SOU

o que sou
agora
no exato instante
do meu pensar
não será mais
o que serei
quando o
sol se por

distante
opaco
sem um frêmito
nas mãos ou no olhar
sou apenas
o encontro
de águas
que correm para o mar

o que sou
o que serei
agora
amanhã
só saberei
quando a porta
da casa se trancar
atrás de mim
e desnudar-me
silente
para um banho frio

Nova Friburgo, 01 de Janeiro de 2007 (21h35min).

ESTRADA

eu queria de mim
um pouco de estrada
pés que caminham esperanças
a passos largos
e um vento batendo brisas
esvoaçando risos
e o desalinho do cabelo
denunciando a caminhada

enquanto isso
o chão se faz possível
e o equilíbrio é conquistado

no fundo do cenário
um horizonte azul de luz
e o sonho é céu
e o futuro uma nação
e a estrada não acaba aqui

é preciso sapatos novos
para chegar do outro lado
resolvo, então, jogar fora
as meias velhas
e partir em busca de uns...

Nova Friburgo, 01 de Janeiro de 2007 (20h05min).

2007

dada a partida
meus olhos fitos
nas letras
serpenteiam palavras
mas a contagem do ano
é feita de números
que representam dias
e o primeiro dia
está acabando
prenhe de poesia:
estão nascendo as crias
da longa gestação de 2006

Nova Friburgo, 01 de Janeiro de 2007 (21h45min).

sexta-feira, outubro 03, 2008

MANHÃ REBELDE

Procuro um algo que ainda não sei
por entre esta manhã que ainda não vi
por entre um frio que neblina faces,
chamusca lábios,
arde esperanças...

A manhã se rebela contra a existência:
manhã soturna,
noturna,
que ainda se esconde,
por detrás dos montes.
Manhã que teima em não acordar.

Do sol não há vestígios.
Como também não se vê o clarão
desta louca obsessão,
desejo de existir.
Procuro razão
e no ir e vir da manhã sem sol
improviso um canto
à beira-monte.
E o vento uivando
por entre pedras e árvores
faz chacoalhar o mundo
de uma melodia triste
enquanto assentado sobre o feno
dou um grito profundo
com o dedo em riste
a sonhar com um dia ameno.

Nova Friburgo, 31 de Dezembro de 2006 (9h52min).

BEIRA RIO

Instante incômodo.
Onde a chuva torrencial
prenuncia possível mal.
O rio é semimorto,
semi-rio,
semi-vida.
Não são águas que correm:
escorre lodo,
lama,
esgoto.
O aguaceiro arruaceiro
desbanca a margem:
barranco,
ultraje,
de um rio sem barco.
É chuva,
é lama,
é ser que se inflama,
na expectativa do
transbordamento.
Minha vida esguia
se encolhe.
Filete agudo,
serpentiforme,
quase uma enguia,
no meio do roldão pesado
do rio descontrolado...

Nova Friburgo, 31 de Dezembro de 2006 (9h42min).

AUSÊNCIA ANUNCIADA

saiba que o horizonte
é um nada.
saiba também que é nada
o amor amante.
e é nada o instante
da sua presença:
fugidia presença
de uma ausência anunciada.
por todos os meus versos,
dispersos versos
que me atacam os nervos,
sei que tenho um encontro marcado
com o vazio de tua ausência:
e nele encontro a morte do prazer.

Nova Friburgo, 31 de Dezembro de 2006 (9h35min).

AMAR

Amar.
A gente ama e vive perguntando:
o que é?
A gente se dá
e vive dessa febre de amar.
E a gente nem sempre entende...
A gente só sabe amar; só sabe dar.

Amar.
Amar é doar.
E a gente se entrega e percebe que o outro é feliz por isso.
E a gente compartilha e percebe que parte da gente
voa em direção ao outro que é objeto da nossa paixão.

Amar é esperar!
É ter paciência na espera dos efeitos sobre o outro.
A gente investe e supõe que o investimento
trará dividendos em forma de mais amor.

Amar é crer!
É confiar que o amor devotado
será correspondido.
Que a reciprocidade será a chance
de perceber que amar valeu a pena.

E sempre vale a pena quando o amor
é a tinta que escorre da terna pena
do poeta-tinteiro...

Amar é sonho.
Quem ainda não viajou nos devaneios
desse Universo chamado amor?
desse mundo chamado paixão?
desse tesouro que se guarda no cofre
do coração, mas que se apresenta
cotidianamente na epiderme do corpo
amado que caminha sol
pelas avenidas da vida?

Amar. A sensação mais doce que
a existência pode produzir no paladar da vida!

Nova Friburgo, 21 de Dezembro de 2006 (12h45min).

O SONHO

A rua de minha infância
tinha pedras.
E eu caminhava esperanças
nas pedras de minhas andanças.

Meus sonhos depositei
nos altos.
Nos altos montes verdes
da Serra de pedras-paredes.

Da rua eu via o monte;
pisava o chão.
O chão do meu sonho Brasil:
um cristal que se partiu.

Tentei escrever uma história
nos céus.
Céus de um azul tristonho
aniquilador de sonho.

Minha pipa serpenteava
bem alegre.
Escrevi no horizonte: futuro.
Mas do sonho o monte era um muro...

Minha casa ficava na rua
da esperança.
Esperança que se perdeu na chuva
deixando-me com a vista turva.

A rua ainda continua por lá
e a casa.
A casa de onde ainda se vê o monte.
Só o sonho que secou como a fonte...

Nova Friburgo, 20 de Dezembro de 2006 (12h15min).

VAGANTES BRUMAS

Do ser e a incompreensão da vida.
Episódicas brumas de uma lida;
Vagantes experiências do saber.
Não ser!
E a incompreendida existência
Faz vagar o ser em sua sobrevivência
Diante dos muros humanos...

Não fosse a vida matéria-prima do ser
Seria escultura inerte na praça,
Por onde passa,
A vida que segue resoluta seu destino.

O granito pigmentado já não é o ser.
Refulge o brilho de uma pele angustiante
Nas duras conseqüências de um mundo
Que já não é o seu.
Há limites!
Os limites da matéria transformada;
Limites do ocaso a que estivera largado na praça,
Onde os pombos borrifam dejetos
Sobre o crânio desprotegido,
Os ombros desbotados,
A pele artificial do mármore ignominioso.

E ele que pensava – quando em vida –
A imortalidade...
E ele que imaginava a continuidade
Do sonho.
Das palavras que não seriam aprisionadas nos livros...
Das idéias que alçariam vôos mais longínquos
Nas cabeças dos jovens sonhadores...
Das transformações que homens de livros são
Capazes de oferecer à Sociedade.

Mas o registro da história lhe reservou
Apenas uma escultura marmórea,
Um brilho efêmero,
E uns tantos pombos grasnando
Nos contornos da imitação de quem fora.

Os tempos eram outros.
Seus ideais não sobreviveram
À avalanche de reflexões do mundo plural.

Ficou apenas a constatação:
- Existiu e pensou algo.
Resignou-se.
Isso não era pouco!

Mas os pombos continuavam a incomodá-lo...

Rio de Janeiro, 11 de Dezembro de 2006 (14h50min).

SONETO DO CENTENÁRIO

A Nilson Gomes Godoy

Nesta data tão festiva de comemorar centenário
Os batistas fluminenses se revestem de alegria.
Houvesse sino repicante a dobrar no campanário
Uma canção de louvor logo pronto ecoaria...

Num momento pioneiro, uma associação nascente
Reuniu as igrejas batistas para sua cooperação.
E assim nesta acolhida, aquecendo coração crente
A história se consolida com o surgir da Convenção.

Pra construir esta história que começou em Aperibé
Foi preciso assim reunir vários homens visionários
Que colocaram seu tijolo neste belo edifício de fé.

E os crentes nas igrejas se fizeram missionários
Deste Deus da Convenção, o seu firme fundamento
E como herança recebida: O Deus de todo momento!

Aperibé, 07 de Dezembro de 2006 (20h50min).

quarta-feira, outubro 01, 2008

O QUE É COMO O AMOR?

A Nathália e Élcio Jr.

Vês a menina de Tom Jobim, assim cheia de graça?
Que caminha leve na rua e suave passeia na praça?
Ela pode ser muito bela, ser garota linda até!
Desfilando limusine, caminhando por aí a pé.
Mas ela com toda beleza, mesmo sendo uma flor.
Ainda assim não pode ser comparada ao amor!

Vês no jardim uma rosa, botão novo a desabrochar?
Há ali sonho de pétalas, brilhando sob a luz do luar...
Sinta o perfume cheiroso, inale bem seu aroma.
Deixe aos olhos o encanto da mistura de cada cor.
Há suavidade nas pétalas e estilo em sua forma,
Ainda assim não se pode relacioná-la ao amor!

Vês na árvore um pássaro, esplêndido em seu cantar?
O seu trinado é vibrante, bem capaz de emocionar...
O canto do pássaro livre, na casa que Deus lhe deu,
Habitando a natureza recheada de fruta e sabor...
Ele canta sem espanto, o canto que é todo seu.
Mesmo o pássaro livre ainda não é como o amor!

Vês a criança sorrindo, vivendo a simplicidade?
É a criança que abençoa com sua paz cada cidade.
Ela apresenta ao mundo seu lindo universo de luz.
A criança quando sorri faz lembrar o bom Jesus.
Pode a criança ingênua, apaziguar qualquer dor?
Ainda assim seu sorriso, não se compara ao amor!

Mas que é então o amor? A que ele se compara?
Se a garota mais linda e a flor de espécie rara;
Se o pássaro cantante, mesmo a criança mais doce;
São pobres como modelo para o amor demonstrar?
O amor é um sentimento que Jesus ao mundo trouxe
Quem o guarda em seu peito pode amor extravasar!

Por isso somente a Deus, que é o AMOR: bem supremo!
Pode então ser comparado o amor de uma forma sã:
O amor desliza suave como num lago o barco a remo.
O amor é brisa serena como orvalho de linda manhã.
Diz quem ama de coração: “Vivo a vida e não temo!”
Só Deus é demonstração do amor de hoje e amanhã.


Nova Friburgo, 29 de Novembro de 2006 (19h48min).

POEMA DO MAR

Que belo é o mar
O mar.
O mar.
O mar.
A gente se perde
No horizonte das águas
Do mar...

Tão belo é amar.
Amar.
Amar.
Amar.
A gente se acha
No horizonte das águas
Do amar...


Niterói, 28 de Novembro de 2006 (11h30min).
Na travessia das barcas Niterói X Rio de Janeiro.

NO AZUL DO MAR

A Katia Cardoso Soares

Eu te encontrei
No azul do mar.
E foi neste olhar
Que eu te achei
Pra não mais deixar...
Pra não mais sofrer
Para sempre amar
E poder dizer
Quão lindo é o mar
Tão lindo o olhar
Tão belo o amor.
Amor...
Poder sonhar
E poder viver
Pra também dizer
Junto ao coração
Vendo o azul do mar:
Pra sempre e sempre
Eu vou te amar!

Niterói, 28 de Novembro de 2006 (11h35min).
Na travessia das barcas Niterói X Rio de Janeiro.