Os dedos passeiam teclas
brancas. As pretas saltitam.
A música ecoa monocromática
e os ouvidos paralisam-se.
Os corpos se levantam.
Os pés caminham.
Os movimentos da congregação
voltam-se para a porta do Santuário.
A vontade impõe a vontade.
A mente assusta a mente.
A música chama a rua
e a rua chama a casa.
Obscuro desejo: Onde o preenchimento?
E há um vazio de passos
firmes na busca do Vazio!
Tudo premeditado; só perigo.
O culto acabou e a vida começa agora.
O toque dos dedos nas teclas da emoção
carrega consigo o fundo musical da ausência.
Deixa-se o espaço do sacro para adentrar
o mundo lá de fora, onde não há portas:
Só as escâncaras da ânsia e da audácia
da vida por si mesma e sem trapaça.
Não há súplica nem clamor:
As orações ficaram pra trás.
O que perturba um pouco é
essa consciência do Indizível
e a percepção de que parte de nós mesmos
ficou assentada naquele banco de Igreja;
comunitário banco de bem-estar.
Não há lógica em nenhum ato.
Só fé! E quando o último crente
põe-se de pé e sai do recinto,
o piano ecoa a nota derradeira
de um poslúdio de culto que é
só o começo de não sei o que.
Nova Friburgo, 28 de Fevereiro de 2005. (8h33m).
sexta-feira, junho 13, 2008
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