O rádio desperta a casa cedo:
viva o domingo que está a
chegar!
É o acordar para as celebrações,
do Dia do Senhor no seio da
casa.
A petizada em alvoroço, a
panela chiando.
O almoço quase pronto,
antecipação.
Eu sentava na cama, pegava a
revista,
fazia o estudo da EBD
atrasado...
Ainda sinto o cheiro do frango
domingueiro,
que mãe preparava antes de ir
pra igreja.
Tinha uma mesa de fórmica
marrom na cozinha,
onde o café fresquinho nos
esperava.
Já com roupa de domingo,
asseado,
precipitava-me, escada abaixo
ao encontro.
Dos amigos de igreja, colegas
de classe,
tinha o papo antes, sobre o
jogo do sábado.
O estudo da revista calava a
dispersão.
A ideias espocavam até nos mais
tímidos.
O cheiro da poeira das frinchas
do assoalho
de taco, onde pulgas escolares
moravam.
E o professor se esforçando na
aula,
para a Palestina não ser tão
distante.
Também tinha o teste que saiu
do mimeógrafo
e cheirava a álcool arroxeado
na carteira.
Nossos conhecimentos bíblicos
postos à prova,
enquanto o trimestre se findava
e a revista.
– Josué Ebenézer, você já tem Jesus no coração?
A voz de meu pai-pastor ecoava
firme!
E tinha o culto da manhã e as
sessões,
almoço em família e ar-livre no
Morro da Pedra.
E tinham as Uniões e a gente
fazendo ponto corado,
falando umas coisas da revista,
outras do coração.
E o Culto da Noite e os jovens
cantando
simples, no “Libertos por
Cristo”, mas era puro!
E tinha as mensagens e a
pregação evangelística,
e os apelos ao coração, e as
decisões.
E tinha o pós-culto, sem
cantinas, naquela época;
mas, com um bom bate-papo que
avançava a noite...
Tempo verdadeiro e sincero da
vida infante,
quando corações sonhadores se
encontravam.
O dia fez-se noite na lua que
sorriu no breu
e vai-se embora como toalha de mesa
dobrada.
Farelos serão jogados no lixo
ou para as aves
e voltaremos para a mesa da
família ou do Senhor.
A eternidade nos espera de
braços abertos
enquanto aqui na terra o Museu
Nacional pega fogo!
Josué
Ebenézer – Nova Friburgo,
04/09/2018 (03h50min).
Nenhum comentário:
Postar um comentário