quinta-feira, março 15, 2018

GERMINAÇÃO

O coro infantil vai participar
ouço o som da bandinha rítmica.

O culto está festivo, brilha intensa luz.
Ardem os corações –
é como se caminhássemos Emaús...

Toda a comunidade está envolta:
transcendência onírica e harmônica.

As famílias transbordam uma tal felicidade,
a paz do Cristo que reina gigante.
Velhos, jovens, crianças
ultrapassando os portões da experiência,
destravando a consciência estéril
e alcançando o esplendor da glória.

O canto congregacional faz o recorte do mundo
é como se estivéssemos numa redoma de paz
onde não somos atingidos pelas setas
que insistem em vir em nossa direção;
somos protegidos pelo acampamento de Deus.

Não há mais fé nos corações rebeldes
que cruzam o tênue limite da fidelidade.
Não há mais Deus na ânsia dos cultos
que satisfazem o corpo e não a alma
onde se silencia a voz do Espírito...
Não há mais Deus nas músicas gospel
que tocam nas rádios e grudam no céu da boca...

E agora? Deus trabalha no silêncio
com os disponíveis e os de fé –
e há sempre um remanescente fiel.
Bate forte o coração de fé e o fruto já é visto,
pulsa intenso o amor e a germinação
vai ter consequência.

Cristo é crucificado novamente nos templos sem Deus.

Os jornais noticiam a violência do pecado.

Mas há um cultivo silencioso que movimenta as manhãs.
Ecoa nos púlpitos bíblicos a Palavra Viva.

Sobe aos céus a adoração de um povo
que trabalha junto com o Pai
e junto dela crescem os brotos da multiplicação.

A fé floresce na vida dos que creem,
a boca dos discípulos é o megafone de Deus,
os corações são a lavoura renovada do Espírito.

Prorrompem orações de gratidão no culto;
na algazarra luminosa do coro infantil;
na retumbante paz que incendeia os corações;
na chama viva da fé que comove;
na ardente expectativa de uma natureza
que geme com dores de parto;
na adoração do culto dos que
não se dobraram ao Baal da modernidade;
na recompensa dos que acreditaram na semeadura,
e agora vivem a iminência da colheita
ante a visível aprovação de Deus –
em campos que germinam o verde da esperança...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
10/03/2018 (04h54min).

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