terça-feira, abril 24, 2018

MI-MI-DÓ!


O aluno, ao piano, sente as teclas, mi-mi-dó.
São cinco notas esparsadas de um sonho musical.

Mi-mi-dó, caro aprendiz,
volto logo ao meu passado;
ecoam do piano recordações.
Era desse jeito que eu me assentava
junto ao velho harmônio de Igreja
com meu pai do lado
o método Anna Magdalena Bach à frente
e o campo de pelada na cabeça.

O templo vazio: eu, meu pai
e o harmônio de pedaleira.
O vento passa pelas janelas abertas,
o clima é ameno, mas há uma certa tensão no ar...

Mi-mi-dó, menino que me
faz viajar no tempo,
ao passado, em um certo templo.
São cinco notas da partitura à minha frente;
que repete: Mi-mi-dó.
E segue: Ré-mi-fá-sol-mi...
Dóóóóóóó!

O dedo cravado no Dó é meu choro.
Não serei músico,
nem, tampouco, jogador de futebol,
mas o que se puder aprender
na infância da vida
(reflito eu agora)
se levará para o futuro
e será alimento para as expressões
e os distintivos de personalidade.
Música alegre, santa partitura,
que compõe a minha Broadway pessoal!

São cinco gemidos que saem do meu peito na súplica?

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
15/03/2018 (05h32min).

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