terça-feira, junho 16, 2015

DO ESPELHO DO ELEVADOR

O elevador espelhado,
de três lados cercado de mim
mostra-me por inteiro.
Entro nele, me vendo
tal qual estou no momento.
Tal qual sou; não posso dizer.
O espelho mostra-nos como estamos.
Como somos não é possível...
Mas, tudo isso é muito fugaz.
Atrás de mim vem gente e vem gente.
De repente, o elevador superlota-se
e já não me enxergo mais.
O espelho de três lados
mostra, agora, apenas fragmentos
de mim mesmo e dos outros.
E na disputa de parcelas dos corpos
flashes incompletos de nós mesmos
que os olhos arriscam enxergar –
desaparecemos no meio da massa,
nos tornamos disformes no ajuntamento.
Até o espelho precisa de espaço,
arejamento e liberdade
para mostrar a realidade.
Mas, o que é o real
se o que o espelho mostra
é apenas a fantasia de nós mesmos?

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

26 de Maio de 2015 (04h57min).

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