A
poesia surgiu-me plena naquela manhã.
Junto
com os raios de sol ela nasceu grandiosa
e
fui tomado de luzes que me saíam pelos poros:
eu
era o próprio sol em seu esplendor!
Mas,
quando nasce, a poesia surpreende.
Pois,
no coração do poeta, ela o amor acende.
E
de dentro do sol vi sair uma estrela em fulgor
cujo
brilho fecundo tinha o nome de amor
para
um mundo carente necessitado de luz.
O
brilho da poesia continuava forte
indicando
pras gentes, onde era o seu Norte
e
trazendo união, em abraço Universal.
Da
estrela eu vi sair um cometa
que
à Terra se dirigiu portando a plaqueta:
– Deixe
inundar sua vida com o amor e a paz
receba
esta luz intensa que as trevas desfaz.
E
o cometa luzente iluminou a vida dos que acreditaram...
Mas
ele só passava de tempos em tempos
E
muitos ficaram sem perceber o brilho dessa luz.
Na
casa do Lúcio isso não aconteceu
pois
da janela de seu humilde quarto,
aberto
pra vida, disposto pro novo,
desperto
em renovo, logo percebeu.
E
num sorriso iluminado apropriou-se dessa luz
e
a partir daquele instante sua existência foi outra
e
o Lúcio reviveu e sua vida já não mais solta
ganhou
sentido e razão, recoberta de emoção.
E
toda vez que chegava à janela de seu quarto
ao
ver os refletores do novo estádio iluminando
aquela
região onde habitava por anos...
Ele
lembrava, feliz, a visita do cometa
que
deixara aquela nave iluminando a noite
e
quando aceso em plenitude, pulsava a energia da vida...
Numa
noite, observando, o movimento lá fora
em
data de grande jogo em que o estádio lotado
clareando
as cercanias, produziu novas cores
de
luzes tremeluzentes que abafavam a escuridão...
Lúcio,
absorto e feliz, da luz teve a visão
de
comprar uma luminária para sua sala pequena
que
reproduzisse o estádio iluminado de sua vida.
E
uma fluorescente circular ganhou o teto de sua sala
e
a esposa percebeu que ele estava diferente
que
buscava uma luz ao tanto olhar para a lâmpada
que
em sua casa agora, ficava acesa noite e dia.
Mas
a conta de energia, ao fim do mês veio alta
e
o Lúcio não suportou esta despesa tamanha
comprou
um abajur, de lâmpada com menor potência
que
colocou no seu quarto ao lado de sua cama
para
que a luz não mais se afastasse de sua casa
e
a visão que o ser inflama em sua vida criasse asa
e
o levasse em resplendor...
Mas,
o abajur iluminando dia e noite, noite e dia
nas
noites de insônia pura, mais insônia lhe trazia
e
do abajur pensou em vela, em vela que acendia
toda
hora, todo instante, numa intensa correria
pois
de sua vida uma luz, bruxuleante que seja
não
podia se apagar é o que seu ser deseja
e
os filhos viram em Lúcio, brilho de luz benfazeja.
Lembrou
da infância sofrida
no
interior das Gerais
a
mudança pra capital
a
pobreza não quer mais.
Lembrou
do trabalho forçado
na
fábrica de pré-moldados
se
sentiu desamparado
mas
sua vida iluminada
agora
com nova visão
buscava
a libertação
de
qualquer fôrma ou vício
a
que chamava “estrupício”
e
que não queria mais não.
Queria
uma vida nova
e
por isso acendia vela
que
não deixava apagar,
pois
recebera da janela
de
seu quarto naquele dia
a
missão de sol em sua vida
que
foi feita pra iluminar.
Mas,
de tanta luz ao seu lado
que
iluminava o exterior
e
por certo lhe trazia brilho
uns
o achavam desmiolado
e
riam do Lúcio com humor
achando
que perdera o trilho.
Lúcio
suportou a zombaria
buscava
o que ainda não via
nem
sabia ao certo o que era.
Mas
ele tinha plena convicção
– aquela
certeza do coração –
que
só alcança quem espera.
Até
que um dia, da comunidade,
um
amigo que soube da fama
do
Lúcio, e sua busca de luz.
Falou-lhe
com propriedade
de
alguém que a todos ama
e
a nossa vida conduz.
Falou-lhe
do amor divino
em
Cristo Jesus manifesto
num
amor mais que profundo.
E
Lúcio ouvia interessado
como
se as palavras fossem hino
apresentando
a Luz do Mundo.
Ganhou
de presente uma Bíblia
que
leu com sofreguidão
mergulhou
fundo no texto
com
alma e com coração.
Descobriu
que de Deus vem a luz
que
é Lâmpada para os seus pés
e
luz pro inseguro caminho.
E
como em matrioshka poética
que
também se fez espiritual
o
Lúcio foi tirando luzes ocas
de
dentro de seu sonho lindo
tomado
pela poesia da vida
em
busca do resplendor.
Mas
o sol foi só um motivo;
a
estrela, grande inspiração;
o
cometa uma mensagem;
o
estádio apenas imagem;
a
luminária, visão;
o
abajur, necessidade;
e
a vela, sublimação.
Assim,
nesta busca ingente
que
é a busca de tanta gente,
busca
intensa do coração.
O
Lúcio encontrou Cristo
e
todos sabemos disto:
Jesus
é a Solução!
Cristo
é luz que afasta trevas,
que
elimina todos os vazios
e
propõe um renascer.
Ele
desperta o que dorme,
esclarece
o confuso
e
dá sentido ao viver.
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
06 de Julho de 2014
(19h28min).
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