sexta-feira, maio 26, 2017

AJUNTAMENTO

(“e ajuntou-se muita gente” – Mt 13.2a).

Sempre haverá alguém
que se aproxime de nós,
se estamos disponíveis
no lugar da aceitação.
Escondidos em casa
trancafiados pro mundo
perdemos os incríveis
benefícios da comunhão.

É preciso gostar de gente
expor-nos na nudez do ser,
apresentar nossas ideias
e fazer a tal diferença.
O povo cansado do mesmo
de seguir sempre a esmo
deixará suas panaceias
e abraçará nossa crença.

Jesus estava na praia
à vista de todo povo:
pescadores, populares,
transeuntes de ocasião.
Assentado e distraído
via o mar e dava glórias
respirando aqueles ares
em perfeita contrição.

Não passa despercebido
o que vive o novo ser.
De cuja vida é banido
o jeito do velho homem.
As pessoas enxergam fácil
as distinções de caráter.
Justo não tem sonido
incerto que o consome.

Pode ser que em sua vida
não haja uma multidão
do jeito que Jesus atraía
ao passar por algum lugar.
Mas, por certo, o ajuntamento
que se fará por você
será o que não faria
se Ele em si não habitar.

Se “os opostos se atraem”
e a convivência assemelha;
que venham todos do mundo:
prostitutas e pecadores.
Jesus não mirou sinagoga
foi achado pelos ímpios
e a fé que salvou o imundo
o deixou livre de dores.

Vamos mudar o mundo
renovados de esperança.
Estar nos lugares certos;
achar pessoas, também.
Não nos conformando
cumprindo a vontade do Pai
e aos de caminhos incertos
propor vida que convêm.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
03/05/2017 (05h17min).

IR PRA ONDE?

(“junto ao mar” – Mt 13.1b).

Acordar cedo, ver o sol nascer;
encher-se de esperanças e sorrir.
Há um mundo de possibilidades
que te espera do lado de fora do sono.
Sair de casa, ganhar a rua;
as opções de trajeto são tantas:
ir pra onde?

Jesus foi para a praia e ali esteve
assentado junto ao mar...

Para onde você iria,
depois de uma noite reparadora;
do descanso merecido;
da recarga de energias para um novo dia?

Iria pro trabalho,
pro compromisso diário,
do ganha-pão da família?

Iria para o ócio,
do andar a esmo,
ao encontro do imprevisível?

Iria para a praia,
para o lazer de verão,
e as diversões da estação?

Iria para o nada,
para as incertas da vida,
à cata de aventuras?

Iria para o encontro,
de um pobre ou necessitado,
carente de solidariedade?

Iria para o culto,
ao encontro da igreja,
para somar fé na adoração?

Iria para a solitude,
(na praia, campo ou serra),
para conversar com a alma
e escutar Deus falar ao coração?

Não importa para onde vamos:
ninguém consegue ir
para um lugar que Deus não criou.
A gente só consegue estar
nos lugares onde Deus esteve antes;
trabalhando.

O que importa é, se para onde vamos,
estamos disponíveis para a experiência
do encontro: com o outro, com Deus.
Em fé, amor, compaixão e solidariedade.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
02/05/2017 (05h17min).

NÃO ME PERGUNTEM

Não me perguntem
por quê vocês estão aqui
e outros não estão.
Visto que, amanhã,
outros poderão estar
e vocês, não!

Não me perguntem
por que muitos são chamados
e poucos escolhidos.
É que muitos são
doidivanas alienados
e outros tapam ouvidos.

Não me perguntem
se a missão é de vocês;
se não sentem o chamado.
Ora, se não sentem,
onde está a fé?
Em que família irmanados?

Não me declarem
que não têm tempo,
que andam com muita tarefa.
Só sente o sopro do Vento
aqueles que percebem
o valor dessa pressa.

Não me façam desacreditar
da vida, do novo ser e
do sonho da transformação.
Somente há pedras caladas
(mudez de clamores abjetos)
quando se cumpre a Missão.

Não me impeçam de preparar
a boa festa aqui da terra
e, também, aquela dos céus.
Só quando há arrependidos
(ímpios na senda do Calvário)
há mais salvos, menos réus.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
30/04/2017 (11h09min).

quarta-feira, maio 17, 2017

SAIR DE CASA

(“saído de casa” – Mt 13.1a).

O sentido de missão
embutido no “Ide” de Jesus
é um convite sem ilusão
para atear fogo ao comodismo,
abandonar a memória passadista
que o prende ao já realizado;
abraçar a aventura do novo
este sonho edulcorado.

Mas, quem guarda os velhos hábitos,
o peso das tradições antigas,
dos caminhos já trilhados;
que se prende à memória do já feito
e não abandona o conforto da mesmice...

Não anda por ruas novas
nem atravessa pontes líricas
sobre os rios da vida;
nem se deixa tocar
pela brisa da caminhada.

É preciso sair de casa
ir ao encontro do povo,
sentir cheiro de gente.

Não se protege a Igreja
guardando em casa seus fundamentos.
Protege-se a Igreja com missão
buscando o seu crescimento.
Para tanto, a lareira que abrasa
o coração de quem crê
não está na sala da casa
está na curva das ruas,
na gente que por elas passa,
nas luzes dos sóis e das luas
que iluminam o peregrino;
na caminhada do discípulo.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
04/04/2017 (05h22min).

quarta-feira, maio 03, 2017

O LIVRO DAS SEMEADURAS - II

Quando a semente sai de nós
para o solo de outra vida
ela deixa de ser nossa
para ser do Lavrador.
Pense na semente
que um dia plantaram em você.
Aquela vida passou
depois de semear com alegria
e apresentar ao Senhor os seus molhos.
A semente ficou escondida
na boa terra do seu coração.
Mas, se hoje você frutifica
é porque agasalhou a semente
que encontrou terreno fértil
para em sua vida germinar.
A semente precisa do abandono
– da solidão da terra escura –
da cegueira de um tempo sem sol
para morrer solitariamente
vigiada apenas por Deus.
O processo de vida inclui a morte
– morrer para o mundo, nascer para Deus –
deixe a semente em boa terra
à própria sorte de um abandono
sofrendo a influência da umidade
das águas de Deus sobre ela.
Deixe a casca grossa e dura se romper:
é na solidão das orações
que se removem os obstáculos interiores.
Deixe a aspereza dar lugar ao broto
a tenra e suave planta
que sai da terra do amor –
os dias de solidão se acabam,
as angústias internas se findam,
as respostas clareiam a mente,
quando o broto sai da semente
e encontra a luz do Sol.
Façamos a nossa parte:
o Sol da Justiça arde
no coração dos que creem.
Para nós basta a certeza
que na vida, a todo momento,
caminhamos com firmeza:
Deus dá o crescimento!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
04/04/2017 (05h22min).

O LIVRO DAS SEMEADURAS - I

Podemos olhar para o agreste
e enxergar ali o sonho
de um plantio ordenado
e colheita abundante.
Podemos revolver o solo duro
e esquecer que a tarefa é árdua
desaprender o medo
e revestirmo-nos de coragem.
Podemos adubar a terra
e acreditar que se fará fértil.
Podemos vislumbrar as chuvas
abundantes
vertendo fácil
no árido solo de nossas vidas.
Podemos acreditar
e depositar as sementes
com estratégia
e investir no plantio
obedecendo as estações.
Podemos plantar para o amanhã
mesmo que o hoje esteja incerto
e sonhar que haverá colheita
mesmo que não feita por nós.
O que não pode cair no esquecimento
é que mesmo havendo um que planta
e outro que rega e cuida
é Deus quem dá o crescimento.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
04/04/2017 (05h05min).

terça-feira, maio 02, 2017

CADÊ O FOGO?

Podemos ter disposição,
colocarmo-nos no caminho,
subir o íngreme monte,
fazer a escolha das pedras,
erigir o solene altar,
separar gravetos e lenha,
arrumá-los no lugar certo,
e até saber onde está o Cordeiro...
Se em tudo isto não houver
submissão aos desígnios de Deus;
se a fé não estiver presente
em cada atitude tomada;
não haverá fogo do Espírito
para chancelar nossos gestos.
Serão apenas palavras ao vento,
gestos ao vento,
ações ao vento
que não deixam que se acenda
o Altar do Senhor nesta vida...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
28/03/2017 (09h26min).