Arcanjo,
às vezes também não sou de
carne e osso
sinto-me tão pluma,
que deixo-me tomar de uma
saudade toda divina.
Uma canção de Bach me
enleva,
um hino antigo me
emociona,
o dedilhar firme (nas
teclas do piano)
me convoca para a adoração,
e sigo minha estrada como
nuvem passageira
que carrega consigo a
gravidez das chuvas
que hão de originar as
flores e frutos
no ventre da Mãe
Natureza...
Vejo-me nas gotas de
orvalho das manhãs
que se dissipam ao sol
incremente,
mas que ressurgem na nova
madrugada.
Encontro-me no reflexo dos
primeiros
clarões mágicos do
universo
e sinto-me flutuando nas
folhas de papel
que levam do meu coração
cada verso
pra com graça e leveza chegarem
ao céu...
Como Ana, confundem-me com
um ébrio qualquer...
Estou embriagado do Vento
e à cada manhã tomo
assento
em Bach e Mendelssohn,
Haendel, Haydn.
Não quero que esta busca
tenha fim,
mas que as palavras não
balbuciadas
e as solitárias lágrimas
vertidas
sejam a atmosfera mais
verdadeira
que o Espírito me flutua...
Amo estar mais próximo à
Deus,
sentir as flores, conversar
com a Natureza.
Enxergo a beleza de cada
canção
que o vento faz soprar por
entre as árvores.
Deixo-me arrebatar ante a
Criação e seu colosso,
nem sequer imagino querer
dar uma mão:
eis o Perfeito e o Belo provindo
do Pai Nosso!
Os meus olhos se fecham na
viagem do sonho
os meus dedos dedilham
cordas imaginárias
e meu ser flutua na emoção
da Canção do Universo.
Ah! Viver como uma melodia,
um reflexo, um sonho
no mover fácil da brisa sobre
as folhagens!
Viver na dimensão total do
arrebatamento!
Para, em seguida,
quando chegar o dia da
partida,
estar em meio ao Povo de
Deus no Santuário.
Como os pardais encontrar
casa nos altares
em meio a presença imanente
do Senhor
me alimentar de Amor, só de
Amor;
me expressar de Louvor, só
por Louvor
e ouvir a voz do Espírito
encantadora
no embalo do Vento que sopra
onde quer,
mas que só habita em quem
ouve
o seu toque mais que suave
e lhe abre a porta do coração:
–
Vem filho!
Vem para o seu descanso,
embarque nesse remanso
com a Igreja,
já te banhastes com a luz do
perdão.
–
Vem filho!
Isso é mais do que canção de
ninar
é música de Deus, clarão de
luar
que te arrebata do sono da
terra
e te leva aos páramos
celestiais.
Fecho os olhos para a civilização...
Esta voz arrebatadora
sopra-me paz
e o Vento traz
o doce perfume de Cristo.
Há muita luz dentro de mim
reflito o Cristo, meu Sol,
e sigo para a Eternidade!
Josué
Ebenézer – Nova Friburgo,
29/05/2018 (04h34min).
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