Eu tenho 14
anos.
Ando por
ruas que me levam ao sonho.
Tem
paralelepípedos se soltando nelas.
Às vezes eu
tropeço e caio.
Sinto-me
triste e solitário.
Culpo o
governo e o descaso.
Mas não me
acho em condições de fazer algo.
Eu tenho 16
anos.
Ando nas
mesmas ruas que me fazem ver o sonho.
Aumenta o
número dos paralelepípedos soltos.
Continuo a
tropeçar e a ferir-me.
Sinto raiva
e solidão.
Não acho
que tenha feito algo errado.
Mas não
consigo enxergar o novo caminho das pedras.
Eu tenho 18
anos.
Prossigo
nas mesmas ruas do sonho.
Mas agora
finjo não existirem pedras soltas.
Continuo
tropeçando e caindo.
Às vezes
xingo e me desespero.
Ainda culpo
os políticos safados.
Mas não me
libertei dos discursos de promessas.
Eu tenho 21
anos.
Ando nas
mesmas ruas, mas já não vejo o sonho por ali.
As
depressões em cada rua aumentaram.
E quando nelas
me alojei, vi a lua por outros ângulos.
Já não
tenho raiva: encontrei parceiros nos buracos da vida.
E já acho
que estou errando se não mudo de postura.
Aderi,
então, precocemente, ao voto consciente.
Eu tenho 51
anos.
Como o
tempo passou...
Mudei de
ruas e reencontrei o sonho.
Tive uma
ideia: Vou ser candidato!
Josué
Ebenézer
Nova
Friburgo, 28 de Outubro de 2013 (11h05min).
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