A João José Soares Filho (In Memorian)
No dia em que papai se foi
recebi uma árdua tarefa:
Dirigir a cerimônia fúnebre
quando a família e os amigos
celebraríamos a sua vida
diante do Deus da Vida.
Mas como fazê-lo?
Se estava em frangalhos
e meu coração repartido
sofria sua ausência atroz?
Ganhei forças do Espírito
para naqueles últimos instantes
rememorar com os presentes
alguns momentos marcantes.
Papai agora inerte!
Sempre fora o condutor,
o timoneiro resoluto,
conduzindo a Igreja do Senhor.
O culto por sua vida
no dia de sua morte
não teve sua direção.
Eu ali na frente dirigindo o culto
e papai inerte no caixão.
Familiares apresentaram
uma peça de grande valor:
“Os céus declaram!”
Bruno no violino,
João Marcos na viola,
Júnior no clarinete
e Demetrios no sax.
Era o instrumental preferido dele.
Minha irmã mais nova,
Júnia Cláudia,
cantou uma canção que
me emocionou:
“Apenas um Momento!”
Uma música triste, sofrida,
cantada com as cordas da alma
e num filete de voz que
a dor permitia ecoar naquele salão.
No dia em que papai se foi,
na hora daquela despedida final
nesse último adeus na terra
até nosso encontro na pátria celestial:
O coração da gente estava carregado de dor!
Ah! Mas o culto tinha que ser uma celebração.
Era preciso fazer desse momento
o erguer de um belo monumento
de louvor e muita adoração.
É que papai sempre fora evangelista
e nunca perdia de vista
o coração do pecador.
Em tudo estava pregando,
sua vida sempre louvando
e mostrando de Deus o amor.
Por isso no dia em que papai se foi
Cantamos forte, seus hinos:
“Sim, com certeza, meu Senhor aqui está”,
Sou feliz com Jesus”,
“Maravilhosa Graça”,
“Lá no céu”,
“Não venhas tarde”, o hino da sua conversão.
“A bela cidade” e “Cidade Santa”
este último, o da sua predileção.
No dia que papai se foi,
naquele culto de despedida,
os versos de Mirtes Mathias ecoaram no salão.
Carla leu o poema que papai mais gostava
aquele que sempre inspirava sua vida com emoção:
“Agora!”
Se é para amar é preciso fazê-lo agora.
Pois quando o tempo passar, pode não ser a hora!
E naquele dia, no dia em que papai se foi,
durante aquela despedida final
uma sensação ficou no ar:
Embora tivesse vivido um número razoável de anos
e tempo suficiente para um convívio intenso...
A gente fica achando que não fez tudo que tinha que fazer;
que não esboçou todos os sorrisos que tinha que dar;
que não amou todo o amor que deveria amar;
que há ainda muitos beijos e abraços no estoque, para gastar.
Mas, naquele dia, no dia em que papai se foi...
No momento da reflexão pude:
Ler o “Cântico de Vitória”
que aprendera a amar com ele,
que muitas vezes lera a pedido dele,
que a muitos corações consolara por mediação dele.
E, dizer para os presentes, que quando se está em Cristo,
nem a vida e nem a morte
ou coisa de outra sorte
nos separa desse amor
que é Cristo, nosso Senhor!
Nova Friburgo, 29/12/2004(6h45m).
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário