Era
preciso que o mundo visse
os
olhares dessas crianças. Não pelos
olhares
do mundo,
mas
pelos olhares profundos
por
trás de um pé de chinelo.
Em
que mundo habitamos
para
não enxergar a beleza
por
trás de pés-de-chinelo
que
pouco dizem ou nada
aos
que não conseguem
enxergá-los?
O
mundo que não vê
é o
mundo que finge não saber
a
composição dos mundos
que
habitam corações simples
que
não se executam nos salões
ou
nos teatros da vida
mas
nas estradas das vilas
e do
mundo seus grotões.
Não
sei de onde vem esta foto,
mas
presumo que da Índia
pelos
indícios que me tocam
a
sensibilidade cultural.
Preciso
despertar-me
pra
verdade que a vida
habita
lugares que nem sei...
E
por certo a vida plena
não
está nos artificialismos
das
urbes apinhadas
de
cruéis mecanismos
que
tornam mal amadas,
mal
vividas, desprezadas
não
só crianças, adultos,
que
sofrem grandes sismos.
Era
preciso que o sorriso
não
cessasse nesse mundo,
mesmo
sem dentes à mostra.
O
sorriso do rosto puro
é a
maior evidência de alegria
na
singeleza da criança
na
diversão pura e simples
do
instantâneo da felicidade
que
o dinheiro não compra
e o
estrangeiro (estranho) não dá.
Não
pelos olhares do mundo
que
não tem olhos para o outro
e
não se enxerga no próximo
que
é um igual, seu irmão.
Mas
pelos olhares de quem
abstraindo-se
do umbigo
se
aventurasse comigo
a
ver com o próprio coração.
Na
pintura desse quadro
tela
viva na retina
que
tira a vida da rotina,
do
vazio e desrazão.
Abandono
o contrassenso,
pois
a natureza me grita
na
mudez da imagem ao vento
para
também dar as mãos.
No
instantâneo da vida
de
cinco crianças morenas
não
há palavras fáceis
ao
juntar seus grafemas.
Onde,
a liberdade? Onde, a paz?
Que
é feito da solidariedade?
Se
não as enxergo, onde jaz
o
tema mundial da igualdade?
Será
que são indecifráveis
os
olhares das crianças?
Até
sem simples bolas infláveis
chamam
a alegria pra danças.
O
coração quando alegre
faz
formoso qualquer rosto.
Não
há quem não se entregue
ao
momento de fazer gosto.
A
pele jovem das crianças
emite
uma luz tão fulgente
que
somos atraídos de cara
por
este jeito de ser gente.
Tem
simplicidade latente
e
tem cheiro de terra pisada
e
tem peraltice infante
no
rosto da garotada.
O
líder da selfie inusitada
é o
maiorzinho de todos.
Que
prestos se comportam
na
selfie daquela estrada.
Ele
está garboso e cônscio
e
enquadra os outros quatro
num
chinelo que só néscio
não
enxerga as silhuetas.
O
rei está nu e as redes
sociais
se desnudaram.
Ante
a selfie que quebrou
a
internet que abandonaram.
Se
as crianças se enxergam
num
chinelo de pé só
por
que o mundo não vê
os
coitados que dão dó?
Mas
não falo só dos pobres
e
oprimidos do meu Brasil
falo
das crianças simples
desse
mundo tão hostil.
Que
merecem a atenção
dos
governantes e pais;
dos que
têm no coração
esperança
e muito mais.
Falo
dos adultos infames
que
só pensam em si mesmos
que
promovem seus derrames
de
flores murchas nos campos.
Falo
da pele que incendeia
a
alegria desse momento;
estes
meninos da selfie
merecem
um monumento.
É tênue
a luz do instante
que
registra essa pureza.
Tem
um que ri bem solto,
menina
protetora em pose,
tem
quem quer entender
o
que se passa ao lado
tem
quem disfarça sorriso
mas
acaba por se envolver.
São
múltiplos os olhares
que
se podem dar ao mundo.
Os que
vêm dos que veem
e
os, dos que são olhados.
E é
preciso amar a todos.
Nenhum
sol clareia mais
que
o de rostos felizes
de
crianças em sua paz!
Josué Ebenézer –
Nova Friburgo,
24/05/2019 (15h05min).
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