Que ondas conduzem o pensar
do poeta por tão bravios mares?
A tempestade açoita a embarcação,
mas o poema não parece soçobrar.
Eis que com os nervos à flor da pele,
o Brasil sobrevive os dias atuais.
E o poeta escondido no porão
compõe, silente, uma breve oração.
Volte pro Continente, poeta!
O mar bravio agita o barco.
Estão desacreditados os marinheiros,
o condutor já deixou o timão;
estão com medo os passageiros,
perplexos diante desta confusão.
Fracotes se escondem nas abas
de antigos poderosos regionais,
que insuflam trabalhadores na lida
com promessas de riqueza e paz.
Com data de validade vencida
seu discurso é remédio ineficaz!
Vou singrando nestes mares, ao vento
duma esperança que trago no peito.
Trago de longe, doutros mares, alento
de que um dia, meu Brasil, vai ter jeito.
Vou com pernas, que têm asas, do Espírito
por honra de promessa do passado.
Dou saltos, de vaga em vaga, e neste rito
meu poema vai sendo impulsionado.
As musas, nestes tempos, se afastam;
tenho sossego de outras inspirações.
Os temores, pelo Brasil, me assaltam;
mais que das musas, as provocações.
As nuvens, nestes tempos, me cobrem;
trazem dos céus, as perfeitas soluções...
País partido, quebrado, dividido;
gente arrasada por horrenda corrução.
A revolta se instalou e sem sentido,
se vê luta de irmão contra irmão.
São extremos opostos das ideologias
que poluem esta nossa embarcação.
São maus, muito maus, os nossos dias
de fazer cortar o mais duro coração.
Mas o poeta trafega nestes tempos,
enxergando com a alma em frescor,
arejada pelo sopro de outros ventos
que infundem nas vidas paz e amor.
Não há lugar pra outros sentimentos:
“Feliz nação que tem Deus por Senhor!”
Josué Ebenézer –
Nova Friburgo,
17/10/2018
(04h59min).
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