quarta-feira, julho 26, 2017

TEM DIAS QUE O DIA…

Tem dias que o dia parece que não existiu
que o relógio da vida parou e os sinos não badalaram
e os sons ouvidos não ecoam músicas
e os cheiros não eram de alimentos
e os sabores trocaram de bocas
e o louvor não saiu do templo
(porque nele também não entrou)
e se pressentiu a morte
e se viu de perto a noite
e se molhou de chuvas
e se viu desabar a casa
e os corpos tombaram
e as famílias se desestruturaram
na ruína do sonho
na sequidão do amor

tem dias que o ponto de ônibus está vazio
o lava-jato não molha o chão
o hot-dog da esquina não fumega
e não há maior preocupação
se anda e não se vai a lugar algum
se escreve e a folha permanece em branco
se abraça e não há aconchego de corpos

tem dias que não são só as nuvens que estão cinzas
tem dias que o pensamento adormece
a boca se cala
e o louvor engasga a comunhão

nestes dias, Deus socorre
o socorro bem presente na angústia
e a gente acorda novo, de novo,
no dia seguinte a estes dias.

Josué Ebenézer Rio de Janeiro,
22/06/2017 (15h31min).

Nenhum comentário: