Tem
dias que o dia parece que não existiu
que
o relógio da vida parou e os sinos não badalaram
e
os sons ouvidos não ecoam músicas
e
os cheiros não eram de alimentos
e
os sabores trocaram de bocas
e
o louvor não saiu do templo
(porque
nele também não entrou)
e
se pressentiu a morte
e
se viu de perto a noite
e
se molhou de chuvas
e
se viu desabar a casa
e
os corpos tombaram
e
as famílias se desestruturaram
na
ruína do sonho
na
sequidão do amor
tem
dias que o ponto de ônibus está vazio
o
lava-jato não molha o chão
o
hot-dog da esquina não fumega
e
não há maior preocupação
se
anda e não se vai a lugar algum
se
escreve e a folha permanece em branco
se
abraça e não há aconchego de corpos
tem
dias que não são só as nuvens que estão cinzas
tem
dias que o pensamento adormece
a
boca se cala
e
o louvor engasga a comunhão
nestes
dias, Deus socorre
o
socorro bem presente na angústia
e
a gente acorda novo, de novo,
no
dia seguinte a estes dias.
Josué Ebenézer –
Rio de Janeiro,
22/06/2017 (15h31min).
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