sábado, dezembro 31, 2016

ELEGIA DE FIM DE ANO

Porque hoje é o último dia
De um ano que vai-se embora.
Já sinto uma grande agonia
Neste ser que pede e implora.

Se não bastasse o sofrimento
Que impõe dor e a alma chora.
Como suportar este tormento
Que invade a paz e a deflora?

O Ano foi-se e a esperança
Com o cavaleiro e sua espora.
Sofreu as perdas desta andança
De tanto açoite a qualquer hora.

Sofreu os percalços de uma lida
Em que a fé, quase evapora.
Mas que ganhou uma sobrevida
Vindo à galope, sem demora.

Este Novo Ano que vida nova
Vai trazendo e ao Velho implora:
Que finde logo já que se inova
O calendário a partir de agora.

O Novo Ano traz um novo verso
Poesia linda, minh ’alma decora.
Que traga ventos, exato inverso
Sopro de vida que não descora.

O rublo sangue que corre na veia
Me leva em sonhos, mundo afora.
E enrodilhado nesta bela teia
Sou poeta grego numa bel ágora.

O Ano passou, secam-se lágrimas
A felicidade, o meu sonho escora.
Buscarei da vida novos paradigmas
Pois o Velho Ano o tempo já devora.

Choro não pelo Velho estar nas últimas
Mas o medo do Brasil viver diáspora.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
30 de Dezembro de 2016 (14h25min).

ELEGIA 2016

Ó povo brasileiro, por onde andará tua alegria
onde os sonhos e esperanças, em qual corcel cavalgam?
És o sustentáculo e a base dessa nação benfazeja
sentes o frio na espinha de um futuro que morre infante.

Teus heróis têm pés de barro, não sustentam um vintém
de altruísmo edulcorado: pirulitos roubados das crianças.
As manhãs são azáfamas de um frenesi sem tamanho,
as noites são os desesperos de barrigas vazias nos leitos.

Trabalhas de sol a sol e sentes o peso do mundo
e sentes a dor do tempo que morre no calendário
e sentes o envelhecimento da derme que se sacrifica
e o outono da vida que chega sem pedir licenças.

Trabalhas acreditando, mas a fé vai-se com a foice
que capina a esperança de teu coração brasileiro.
O país que te venderam quando aqui nascestes ontem
não é hoje o que prometeram e nem amanhã o será.

As riquezas desta terra, em que tudo que se planta dá,
até do subsolo roubaram, não só o ouro que Portugal levou.
É o mal que se instalou, nos escaninhos do poder
e fez brotar do cimento de Brasília, a vil corrupção.

Amas viver e te alegras com o pouco que se te dê;
e exaltas – na própria trama do existir – a cordialidade.
Mas não suportas mais, esta louca insensatez
de uma sórdida bandidagem vestida de colarinho branco.

Brasileiras e brasileiros, que caminham entre os mortos
apodrecidos na mente, no sonho e no coração;
as cadeias serão poucas para ajuntar esta gente
que não merece indulgência, precisa de punição.

Que a ferrugem corroa as grades e corrompa os corpos
dos que mataram com a caneta, por leis ou falta delas
os sonhos de brasileirinhos, a vida de meninos e meninas
a beleza das mulheres, o orgulho dos homens, as cãs dos velhos.

Que todos os miseráveis corruptos, devolvam cada tostão
que desviaram do trabalho, da saúde e da educação.
E experimentem o barro, a lama e a carestia,
a falta de esperança, o dente podre e a apatia.

Que o Brasil confesse agora, que uma geração se perdeu
que tentaram matar nossos sonhos, mas ele não morreu.
Que não se cale a Justiça, mesmo que Brasília exploda:
não é iconoclastia, os políticos é que saíram de moda.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
30 de Dezembro de 2016 (16h27min).


sexta-feira, dezembro 30, 2016

RELACIONAMENTO DISCIPULADOR

é algo que eu descubro, algo que me leva
e que me absorve, feito chuva sobre a terra
tão vívido e tão real, ao sonho meu ser enleva

chama incandescente, fulgor que encerra
um sonho de vida boa, uma experiência tal
mistério dentro da alma, que inunda o ser

presença do meu Cristo, alegria colossal
vida dele em mim, que não sei descrever
discípulo e sua aula; nobre, vera, magistral

e eu planando absorto, em sonhos de nova era
desejando aprender, desse relacionamento
uma coisa inominável, bem longe da quimera

dessa fonte fluía vida, me tornei neste momento
um discipulador de outros, vidas dantes sem razão
pra novos rumos livres, com Cristo no coração.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
28 de Dezembro de 2016 (11h25min).

ANO NOVO

Um ano passa e morre sem que saibamos
De que se constitui o calendário.
A vida é todo evento que nós lançamos
Nas páginas vivas desse itinerário.

Mas só será marcante o que nós lembrarmos
Depois que a data passou e suas dores.
Por meio do coração, se assim amarmos
A vida, seus detalhes e seus sabores.

Que o Ano Novo tenha agenda bem cheia
Horários definidos para ser feliz
E a emoção flua em cada veia.

É só trocar os eventos por pessoas
Gostar de gente, e conversa, como já fiz.
Investir em vidas não é algo à toa!

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
28 de Dezembro de 2016 (05h56min).

MEU BARQUINHO DA VIDA

“Navigare necesse est, vivere non est necesse”
(Segundo Plutarco em “A Vida de Pompeu”)

Em meio a fria existência
No rio da vida incerta
O navegante clemência
Pede ao seu Deus que desperta
Nova vida e essência
Naquele que o mal aperta.

E segue a correnteza
Ouvindo a voz que lhe fala.
A água é pura beleza;
Quando mansa a alma cala.
Também é grande incerteza
Se o vento agitá-la.

As tempestades releva
O que firme vai na vida.
Meu barquinho Jesus leva
E navego minha lida.
Sou navegante sem treva
Do mundo fiz despedida.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
27 de Dezembro de 2016 (04h55min).

A VIDA DO DISCÍPULO

“O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos
para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está cansado;
ele desperta-me todas as manhãs;
desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo”
(Isaías 50.4).

Quando quiserem apagar a aurora
A tua experiência com Deus, tua só
Essa luz brilhante que irradia vida
E que fez dos teus dias algo novo e bom
Dizendo palavras cruéis de desestímulo:
Não entregues o pontos, brilhe mais!

E deixes que teu primeiro amor escorra
Flua de ti como fonte que jorra a vida,
Pois são os rios de Deus que te purificam
E põem nos lábios o jorro da alegria.
Pague o preço cobrado, que necessário for:
Viver a vida custa menos que a salvação.

Logo perceberás que o diálogo com a alma
Indagando dos incômodos que o Pai repreende
É próprio do discípulo que a comunhão ama
E não se afasta um níquel da presença de Deus.
Pode ser difícil a vida e intenso o seu labor
Mas é feliz aquele que vive para o Senhor!

Ninguém, senão teu ego, crucificado em Cristo
Sabe como foi a morte do passado de trevas.
É teu coração dizendo a ti mesmo agora
Da batalha que se trava em teu mundo interior.
Teu caminho tem uma passarela de lágrimas
Que vai regando o solo da tua existência.

Sabe-te vencedor da peleja descomunal
Que só foi ganha por ti porque houve uma cruz
Se olhares bem, verás, que se ergue novo tempo
Deixes o passado sentado na cadeira do “já foi”
Caminhe o teu presente para o futuro de Deus
Ouvindo sons dos céus da permanente liberdade.

A vitória do discípulo é luta que se travou
No silêncio de uma cruz feita de submissão.
E ao Mestre seguindo, reproduzindo o caráter
Vai com fé e ousadia cumprindo tua missão.
Não recordas? Nascestes de novo, igual não há.
Só a mensagem da cruz aponta para os céus!

Chore, se preciso, mas deixe evaporar as lágrimas
Dê os passos necessários do discípulo que ouve
O despertar de Deus a cada manhã de alegria:
Receba a instrução, que te dê boca bendita
E sustente com palavra, o que cansado está
Aprenda a viver, como quem tem sede de aprender!

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
22 de Dezembro de 2016 (08h03min).