sábado, fevereiro 21, 2015

CONFISSÃO

Se eu já fiz besteiras?
Sim, já fiz algumas:
corri atrás de bola na rua
sem me aperceber do carro que vinha;
pulei muro do vizinho
pra roubar figos e caquis maduros;
caí de terraço de obra e quebrei o braço
fissurado que estava com minha raia nos céus;
tive namorada imaginária;
sonhei o insondável,
sondei o insonhável;
já comi doces e salgados das Betes
(a de Olaria e a de Conselheiro)
sem me preocupar com o diabetes;
já cantei em Cantata de Natal
(e me saí razoavelmente bem)
sem ter participado de nenhum ensaio
(ai, meu Deus, que cara de pau).

Ah, essas coisas da infância...
Esses truques da arrogância...

Mas, o que me martiriza
é que tudo isso me fragiliza.

pPpppp:

perdão, Pai, por praticar (estes) possíveis pecados...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

22 de Janeiro de 2015 (11h10min).

O NOME

Filho de Davi – disse o cego –
tem misericórdia de mim.
Jesus – disse o ladrão na cruz –
lembra-te de mim no teu Reino.

E tantos outros mais
disseram algo pra Jesus
fizeram reclamo da paz
levantaram clamor inquieto
nos quintilhões de orações
que a humanidade já proferiu
pra saciar sua fome
em observância à palavra
“se pedires em meu nome”
por conta dos sofrimentos
que a cada ser consome.

Mas, o que disse o poeta?

O poeta disse algo,
que todos deveriam dizer.
Jesus – disse o poeta –
eu vivo do teu nome.
Tu és minha inspiração;
teu nome sobre todo nome
é poesia e canção.

O som que sai dos meus lábios
ao proferir o teu nome
é canção aos meus ouvidos
recital de adorador
uma orquestra afinada
e um coro angelical.
Largo pra trás alfarrábios
és cantiga em noite insone
liberdade aos oprimidos
em meio ao ódio és amor
e na vida desajustada
és o conserto afinal.

Jesus, o teu nome é poesia
é a luz para a noite
e proteção para o dia.

Disse o poeta retumbante
sem teu nome não sei viver
esse nome traz consolo
só no teu nome há poder.
O poeta é antes de tudo
reconhecedor da poesia da cruz
a morte que subverte a linguagem
que introduz os paradoxos:
quem morre, vive
quem perde, ganha
quem esconde o eu, se acha nos céus.

O poeta não seria capaz nunca
de trocar o doce nome de Cristo
para ter nome afamado
e pelos homens ser visto.

O poeta não deixaria jamais
a convivência do supremo pastor
ele sabe onde encontrar a paz
e o alimento para a sua alma.

O nome de Jesus para o poeta
é melhor do que ouro e bens
não o trocaria por dinheiro
emprego ou posição social.
O nome de Jesus no poeta
singra por veias de emoção
até o Oceano espiritual.

Não há outro som de palavra
tão suave e doce ao poeta
do que o nome Jesus.
São duas sílabas apenas
mas o poeta dessa elegia
faz uma ode a poesia
do nome sobre todo o nome
que o poeta em som cantábile
pronuncia em canção.
O nome Jesus pro poeta
é eterna inspiração.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
22 de Janeiro de 2015 (05h38min).


CRONUS POETICUS

Eu tenho a cronologia
de cada poesia
que de mim brotou um dia
antes do nascer do Sol.

Tenho o local e a data
tenho também o horário
e é nesse itinerário
que faço meu arrebol.

A poesia é uma luz
que em meu cotidiano
faz-se também o plano
de a todos iluminar.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

21 de Janeiro de 2015 (10h50min).

TRÊS CRUZES

Três cruzes de madeira
rústicas como a morte:
uma alta, como os céus
outra tosca, como o pecado
outra inquieta, como a chance
que a quase morte
ainda lhe dá em vida.
Três cruzes punitivas
três corpos marcados
três sonhos domados
prestes a fenecer.
Cruzes romanas,
de onde nascem perguntas
pulsantes, humanas:
quem são os que morrem?
e por quê tal sorte?
de no Monte Calvário
terem pena de morte?
Três cruzes
erguidas caprichosamente
sombrias, doridas
no alto do monte
ali erigidas
para tal como a fonte
jorrarem sempiternamente
suas mensagens:
há uma cruz infiel
que não reconhece seu erro
e zomba de Jesus.
Há uma cruz arrependida
que não quer o desterro
porque enxergou a Luz.
Mas, isso se dá
porque há uma cruz superior
é a cruz curadora
onde o Filho de Deus
entregou-se por nós.
Três cruzes!
Madeiro sangrento, madeiro
da morte, madeiro do Fim.
Madeiro que prega!
Três cruzes de punição
mas só na do meio há Ressurreição.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
21 de Janeiro de 2015 (08h41min).