quarta-feira, dezembro 31, 2014

INFERLÚVIO


Vulcão: as lavas incandescentes
projetam nos céus amedrontadora beleza.
A boca aberta da Terra cospe o fogo da destruição.
Ao redor, árvores e animais
se moldam petrificados ao vento.
A correria silenciosa das lavas é angustiante de ver.
Se não é pego aqui, ali dormente se fará.
Nem os pássaros robustos,
velejadores de ares mais altos,
conseguem escapar.
O calor consome a todos de norte a sul dessa invasão.
Não há dilaceração.
Paralisa-se a vida em corpo intacto.
Mas, no imo cruel, a alma sobrevive a si mesma
e as lavas de fogo são as línguas
da sede infinita de almas inquietas.
O vulcão faz irromper das entranhas da Terra
sua missão  de atingir
em agonia os homens sem Deus.
Dos céus, despencam enxurradas d’água,
como um dilúvio reeditado
e na cratera escatológica
água e lava se encontram
no incêndio que não se apaga
sem arrependimento: o pecado!

Josué Ebenézer  Nova Friburgo,

31 de Dezembro de 2014 (13h40min).

UMA CANÇÃO DE UM VERÃO FELIZ

Por já ter tido um encontro especial,
o êxtase do louvor no templo
me acompanha no asfalto deserto.

Iluminado sou agora do sol mais brilhante.
Em minha alma
já entrei na Nova Jerusalém.

Nas ruas da cidade uma multidão.
Lê-se, por seu frenesi: vazio.
Eu sigo em direção oposta.

As luzes da noite piscam dores.
O mundo é meu campo missionário.
Canto a canção da Plenitude.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

31 de Dezembro de 2014 (06h32min).

BRAÇOS & ABRAÇOS

E se não se aproximar
ele irá dar um abraço
inda que seja com o olhar.

E se aproximar-se
ela irá enfim sorrir
em meio aos braços.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

31 de Dezembro de 2014 (06h20min).

ANO NOVO

Último dia do ano
vê-se muitas coisas
ouve-se outras tantas...
E, se me aproximar,
haverá sempre alguém para me receber.
Ah, o espírito do Natal
continua por este tempo...

Troca-se um dedo de prosa com quem nunca se viu;
saúda-se pelas ruas quem não se conhece;
dá-se um óbolo até a quem não merece;
e, até, ósculos fortuitos distribui-se a quem sorriu.

O brinde é o beijo das taças
que os convivas não se dão por conveniência social.
Mas, quando a festa se desfaz...
O que há de mais? O que há?

Pelo andar da carruagem, a vida segue lenta.
O ano novo, não!
Chegou velozmente num trem bala
e, entre nós se instala,
ao som estridente dos cristais...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

31 de Dezembro de 2014 (06h15min).

O CULTO ESTÁ SILENCIOSO DEMAIS PRA MIM

Bem que eu deveria ter chegado mais cedo ao culto.
Bem que eu deveria ter trazido comigo os amigos.
Bem que eu deveria estar com meu saxofone aqui.
E eu não estaria só – e uns estranhos – no velho banco
que perdeu o verniz.
Eu sorriria para os anjos, os amigos e uns cochichos.
Eu cantaria alto e com eles algumas vozes,
um coro improvisado ali no banco assentados...
E, eu teria me insinuado ao dirigente
e meu sax construiria o improviso do jazz.
Depois, com os braços esticados sobre os ombros dos amigos
eu, aos meus amigos, entrelaçado,
louvaria mais alto e cantaria sorrindo
deixando até cair o grosso volume
da Bíblia que herdei de meu saudoso pai,
o que acordaria os cansados; ainda por ali perdidos
e desafiaria os oprimidos;  ainda ali localizados...

Só, então, chegaria àquela congregação
o alívio de uma Canção mais forte!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

31 de Dezembro de 2014 (06h05min).