quinta-feira, junho 19, 2014

DIREÇÃO DO OLHAR

... eu, que já coloquei a mão no arado,
e não posso mais olhar para trás,

enxergo celeiros cheios,
transbordar de bênçãos:
sorrisos de coração em paz.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,

10 de Maio de 2014 (12h35min).

COM OS PÉS NO CHÃO

Com os pés no chão
eu sinto o tremor que vem do solo;
ouço os barulhos ancestrais
da vida que brota do ventre da mãe Terra;
escuto passos que aproximam esperanças;
desvelo batidas de coração
como se foram tambores da alma.

Com os pés no chão
eu sinto o vibrar da existência;
compreendo-me ligado a um
projeto maior chamado Amor de Deus;
conscientizo-me do meu papel
como parte integrante de uma Natureza que chora
e geme aguardando sua redenção.

Com os pés no chão
eu sinto o molhado das lágrimas do mundo;
redescubro-me alvo desse amor profundo,
que Deus, em Cristo, a mim destinou.
É com a derme ao solo
que não me sinto solitário.
A planta dos meus pés me ligam à Eternidade.

Com os pés no chão
desnudo-me por completo;
comungo junto com as entranhas da Terra,
da perfeição do Eterno Deus.
E como o Cristo doador –
que ao vir ao Cosmos se fez humilde –
declaro que é possível a irmandade;
viver em paz, comunhão, fraternidade;
num rito especial que exalça a integração.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,

10 de Maio de 2014 (10h30min).

OS DOIS LADOS DA PORTA

Há alguém que bate insistente do lado de fora da porta.
Do lado de cá da fechadura, passos caminham apressados.
Ambos aguardam o que está por acontecer.
A casa começa quando a porta se abre.
Mas nem sempre portas são abertas para quem está chegando...

Do lado de lá da porta, na rua, há alguém que insiste em bater.
As batidas são nervosas, como se o punho transmitisse
toda a dor do existir.
Do lado de dentro olhos espreitam o estranho.
Indecisão.

Entre ambos há um olho mágico
que não consegue ainda fazer o milagre do amor.
Olhos só transmitem compaixão
se seus donos já tiverem um estoque no coração.
A porta tanto é símbolo de passagem quanto de vedação.

Do lado de lá da vida há alguém que quer entrar.
Mas, falta luz, falta brilho no olhar.
Quem vai abrir a porta para o que do lado de fora está?
Há muitos que precisam de Casa,
mas infinitas portas estão fechadas.

Do lado de lá da vida há muitas moradas.
A Porta está aberta, escancarada.
Do lado de cá, quem quiser entrar
precisa se fazer antes, habitação do Espírito.
Clamemos por olhos que reflitam a luz de Cristo
e enxerguem no outro o alvo do seu amor.
Sejamos portas abertas que acessem
a Porta-Cristo, trajeto do Salvador.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,

10 de Maio de 2014 (12h35min).

NO MEIO DO TRIGAL

No meio do trigal cresce
um joio empertigado
com a forma inquieta de cruz.

Em meio ao mesmo trigal cresce
um outro joio empertigado
que tem a forma de mãos em prece.

Poucos perceberam as diferenças,
e muitos se ativeram às semelhanças.

A foice ficou guardada no paiol
até que chegou o tempo da colheita
para suprir os celeiros do Senhor.

Enquanto o trigo abastecia a mesa e o pão,
o joio era arrancado e jogado fora.

Aquela cruz não tinha Messias.
Aquelas orações não subiram aos céus.

Somente no trigal de Deus floresce a vida.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,

09 de Maio de 2014 (22h53min).